O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que não acredita que a concessão de refúgio político a Cesare Battisti condenado por terrorismo vá abrir uma crise diplomática entre Brasil e Itália. Segundo ele, os italianos podem não gostar da decisão, mas terão de respeitá-la.
"Precisamos aprender a respeitar as decisões soberanas de cada país. Pode até não concordar, mas tem que respeitar", disse Lula.
A concessão de refúgio político a Battisti foi criticada por autoridades italianas e por familiares das vítimas do terrorista. A Itália estuda recorrer da decisão no Supremo Tribunal Federal (STF).
O ministro da Defesa da Itália, Ignazio La Russa, afirmou ontem que a decisão brasileira de conceder status de refugiado político a Battisti "coloca em risco a amizade entre Itália e o Brasil". Já o vice-prefeito da cidade de Milão, Riccardo De Corato, propôs boicote aos produtos brasileiros como forma de pressionar o Brasil a reconsiderar a decisão de conceder refúgio político a Battisti.
Apesar dos apelos, Lula sinalizou que não haverá recuo, pois a decisão é soberana. "Essa decisão é uma questão de soberania do Estado brasileiro. Nós, assumindo uma posição soberana, tomamos decisão de entender que essa pessoa (Battisti) não precisava voltar para a Itália. Que poderia ter status de refugiado. Somos um país generoso. Temos muitos exemplos de pessoas que pediram asilo e aqui permaneceram por muito tempo."
Sobre as ameaças feitas por autoridades italianas, Lula disse não acreditar em retaliações. "Não acredito em piora da (relação) porque é uma relação histórica. Eu diria que é uma relação tão forte que não será um exilado que vai trazer animosidade nem com a Itália nem com o G8."
Literatura
Battisti informou ontem aos seus advogados que recebeu com "alívio" a concessão do refúgio político. Ele disse que vai retomar sua carreira de escritor e "obedecer exemplarmente" seus deveres de refugiado. Entre esses deveres está o de não se envolver em assuntos internos do Brasil e da Itália. Pela lei, ele terá também de exercer ocupação lícita, residir em endereço fixo e ir à Polícia Federal periodicamente prestar contas de sua condição. Ou seja, Battisti viverá no Brasil com quase todos os direitos dos brasileiros, mas sob liberdade vigiada.
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