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Memória

Jânio cresceu em Curitiba

Ex-presidente nasceu no Mato Grosso, mas fez boa parte dos estudos em colégios da capital paranaense. Eleito para comandar o país, ele esteve apenas uma vez no Paraná, duas semanas antes de renunciar

Jânio e Ney Braga: amizade começou no colégio interno e chegou ao Planalto | Arquivo/ Imprensa Oficial do Paraná
Jânio e Ney Braga: amizade começou no colégio interno e chegou ao Planalto (Foto: Arquivo/ Imprensa Oficial do Paraná)

Duas semanas antes de renunciar à Presidência da República, Jânio Quadros fez sua única visita ao Paraná durante o curto mandato no Palácio do Planalto. Foi recebido com festa no Aeroporto Afonso Pena. Co­­­nheceu o recém-instalado Centro Po­­­litécnico da Universidade Federal do Paraná em Curitiba e esteve em Ponta Grossa. Também aproveitou a visita para entregar a Comenda da Ordem Nacional do Mérito da República à professora Maria Estrela Carvalho, sua professora de português na 3.ª e 4.ª séries primárias. O ex-presidente viveu em Curitiba entre 1925 e 1931. Nos dois primeiros anos, vestiu as calças curtas do uniforme do grupo escolar Conselheiro Zacarias, no bairro do Alto da Glória. Uma placa de bronze registra a homenagem à professora que "despertou para as letras" o político controverso e também o professor, gramático, dicionarista, advogado e escritor.

Jânio da Silva Quadros era filho do médico e farmacêutico curitibano Gabriel Nogueira de Quadros e de Leonor da Silva. O casal tentara a sorte no vizinho Mato Grosso abrindo uma farmácia em 1916. No ano seguinte nasceria Jânio. Sete anos depois, a família estava de volta a Curi­­­tiba para, também, inaugurar uma farmácia na esquina das ruas Riachuelo e Treze de Maio. Nesta, dois quarteirões acima na esquina com Duque de Caxias, ficava o sobrado da família.

Em 1927, o pai matriculou Jânio no internato do Ginásio Paranaense – atual Colégio Estadual do Paraná – à época, dirigido por padres maristas. "Dá pra perceber a importância que a formação [marista] teve no seu comportamento posterior", avalia Ernani Straube, ex-diretor do Colégio Estadual e presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. Para Straube, qualidades que sobressaíram no sucesso político de Jânio – eloquência, cultura geral e ostentação de valores morais e religiosos – foram forjados sob a severidade dos padres curitibanos.

Em depoimento à Gazeta do Povo, em 1992, o advogado Be­­­nedito Rauen, colega do ex-presidente, lembrou a impressão causada por Jânio nos colegas de internato. "Desde logo se fez conhecido, comunicativo, irrequieto, inteligente... sempre de cabeça raspada, magro levantava-se da cadeira e passava descompostura em colegas rebeldes. Fazia-o convicto de dedo em riste. ‘Seu deslavado, indisciplinado’..."

No internato, Jânio também foi colega do futuro governador Ney Braga. Apesar de não terem sido alunos brilhantes (veja abaixo), os dois ocuparam os cargos mais altos da política nacional e mantiveram uma relação de conflituosa amizade até a morte de Jânio, em 1992.

A família Quadros mudou-se para São Paulo no início de 1931. As circunstâncias da saída de Curitiba são controversas, porém todas as versões indicam uma desavença entre o pai de Jânio e Manoel Ribas, então governador do Paraná.

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