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Rodrigo Janot: pressões de empreiteiras envolvidas na Lava Jato para fechar acordos que abrandariam suas penas | Fellipe Sampaio/ STF
Rodrigo Janot: pressões de empreiteiras envolvidas na Lava Jato para fechar acordos que abrandariam suas penas| Foto: Fellipe Sampaio/ STF

Outro lado

Cardozo rebate e diz não haver indícios contra diretores

O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) convocou uma entrevista coletiva na tarde de ontem e disse que não há indícios de que a presidente da Petrobras, Graça Foster, ou os demais diretores da estatal, tenham cometido atos ilícitos. Por isso, eles não devem ser substituídos.

Cardozo comentou que, depois de ouvir as declarações do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, chegou a questionar o procurador se havia algum indício contra Graça e seus diretores. Segundo ele, a resposta foi negativa. "Não há indícios contra sua presidente ou atuais diretores", disse o ministro. "[Além disso] a diretoria tomou medias importantes para evitar que se repitam situações que no passado possam ter ocorrido."

Entre elas, citou que a Petrobras, desde o ano passado, deu início a um programa de combate à corrupção na empresa e que uma diretoria de compliance foi criada para analisar se os procedimentos da estatal estão em acordo com a lei. Lembrou que, na próxima sexta-feira, um diretor recrutado no mercado assumirá o mandato da nova diretoria. Também destacou que foi criada uma gerência de gestão corporativa de riscos empresariais e determinada a reformulação do comitê de investimentos da estatal.

O ministro ainda falou que a própria Petrobras está promovendo investigações em seu âmbito interno e compartilhando informações com a Controladoria-Geral da União (CGU), Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério Público Federal (MPF).

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, fez duras críticas ontem à gestão da Petrobras e sugeriu a substituição de toda a diretoria da estatal. As declarações foram dadas na abertura da Conferência Internacional de Combate à Corrupção, que acontece em Brasília.

Na opinião de Janot, a corrupção no país chegou a níveis alarmantes, e é preciso que corruptos e corruptores sejam presos e que os valores desviados sejam devolvidos aos cofres públicos. "Diante de um cenário tão desastroso na gestão da companhia, o que a sociedade brasileira espera é a mais completa e profunda apuração dos ilícitos perpetrados, com a punição de todos, todos os envolvidos", disse o procurador-geral.

"Esperam-se as reformulações cabíveis, inclusive, sem expiar ou imputar previamente culpa, a eventual substituição de sua diretoria", prosseguiu. Janot afirmou que o Ministério Público irá trabalhar para punir todos os envolvidos no esquema de desvios da Petrobras, levando-os à Justiça dentro e fora do país.

Acordo

O procurador-geral vem sofrendo pressões de empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato, que investiga esquema de pagamento de propinas na Petrobras, para fechar acordos que abrandariam as penas das empresas. Segundo Janot, advogados das firmas o procuraram recentemente. A intenção das empreiteiras era fazer um acordo em que seriam punidas, obrigadas a pagar multas, limitadas por algum período de participar de determinadas licitações e de doar recursos a partidos políticos.

O procurador frisou que são os representantes da força-tarefa no Paraná que devem analisar um possível acordo, mas opinou que somente com os diretores e outros envolvidos das empresas assumindo culpa seria possível pensar num acordo de delação.

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