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Punição

Jefferson é preso e diz que processo do mensalão melhorou o país

Delator do esquema recebeu teve a prisão decretada na sexta-feira, mas mandado só foi expedido ontem. Ele foi encaminhado para presídio em Niterói

Roberto Jefferson, ex-deputado federal e delator do esquema do mensalão, antes de ser presos por agentes da Polícia Federal em sua casa, em Levy Gasparian (RJ) | Daniel Malenco/Folhapress
Roberto Jefferson, ex-deputado federal e delator do esquema do mensalão, antes de ser presos por agentes da Polícia Federal em sua casa, em Levy Gasparian (RJ) (Foto: Daniel Malenco/Folhapress)

O delator do mensalão, o ex-deputado federal Roberto Jefferson, foi preso pouco antes das 13 horas de ontem, em sua casa, na cidade de Levy Gasparian (RJ), após mais de dois dias aguardando o mandado de prisão. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, determinou a prisão de Jefferson na noite de sexta-feira, mas o mandado só foi expedido ontem. Ele foi condenado no processo do mensalão, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, a 7 anos e 14 dias de prisão em regime semiaberto. Jefferson também terá de pagar R$ 720,8 mil em multas.

Minutos antes de ser levado para a Superintendência da Polícia Federal (PF), o ­­ex-deputado disse que caiu de pé. "O homem tem que procurar acertar para não perder a liberdade. O valor supremo da vida é a liberdade. Lutem para manter a de vocês", disse Jefferson, ao lado da mulher, Ana Lúcia, aos jornalistas, depois de assinar o mandado de prisão, às 12h21. O mandado foi mandado por e-mail e impresso na casa de Jefferson.

O ex-presidente nacional do PTB negou qualquer arrependimento em relação às denúncias do mensalão e disse que o país melhorou após o caso vir à tona. "O Brasil melhorou. A fiscalização da imprensa é intensa. E os políticos melhoraram seu comportamento. Não dá mais para brincar com a opinião pública nacional", afirmou. "Caí de pé. Minha música é ‘My Way’. Não me rendi, não me ajoelhei e fiz da minha maneira."

O ex-deputado disse que sentirá falta de guiar sua moto Harley Davidson. "O importante da Harley é o sentimento de liberdade. Não é a chegada o mais importante, mas sim a jornada. A liberdade é fundamental na vida do ser humano. E eu estou perdendo a minha", disse o ex-deputado, que agradeceu a cortesia dos agentes da PF, que permitiram a ele tomar banho, trocar de roupa e almoçar.

No cárcere

Por volta das 15h30, Jefferson chegou Instituto Médico Legal (IML) do Rio, onde passou por um exame de corpo de delito. Depois, foi levado para a Superintendência da PF, no centro da cidade. De lá ele seguiu para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, onde passou por uma avaliação médica. A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Rio informou depois que o ex-deputado ficará preso no Instituto Penal Ismael Pereira Sirieiro, em Niterói.

A unidade tem apenas um médico. Jefferson, que passa por um tratamento de câncer no pâncreas, teve o pedido de prisão domiciliar negado pelo ministro Joaquim Barbosa na sexta-feira. As instalações médicas no presídio são modestas: a área hospitalar é composta por uma clínica básica, uma instalação odontológica, uma sala de enfermagem, uma sala de curativos, um local de pequenas cirurgias e uma sala de nebulização. Atualmente o Instituto Penal tem cerca de 350 detentos.

Jefferson foi o vigésimo dos 25 condenados do mensalão a ter a prisão decretada. Os outros cinco tiveram a pena convertida em restrição de direitos, multas e prestação de serviços à comunidade, ou ainda têm recursos a ser analisados.

Procurador pede extradição de Pizzolato

Agência Estado

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhou ontem ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pedido para extraditar o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, a fim de que ele cumpra no país a pena imposta no processo do mensalão. Considerado foragido da Justiça brasileira desde novembro passado, quando foram determinadas as primeiras prisões da ação, Pizzolato foi preso no último dia 5 em Modena, na Itália, portando documentos falsos de um irmão morto em 1978.

No pedido, Janot defende a manutenção da prisão preventiva do petista determinada pela Justiça italiana e a retenção de equipamentos eletrônicos e recursos em moeda estrangeira que foram apreendidos com ele para futura entrega às autoridades brasileiras. Pizzolato foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 12 anos e sete meses de prisão pelos crimes de peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro no esquema do mensalão.

Argumento

Na manifestação endereçada ao Departamento de Estrangeiros do Ministério, Rodrigo Janot argumenta que há condições jurídicas para que o ex-diretor do BB volte ao país para cumprir pena pelo fato de ele ter dupla nacionalidade. Ele ponderou que a Itália pode se recusar a atender ao pedido das autoridades brasileiras, conforme tratado bilateral de 1989. O argumento seria o de que falta "reciprocidade" no pedido, uma vez que o Brasil não extradita, conforme sua Constituição, brasileiros natos.

O Ministério Público defende também a remessa para o Brasil dos três computadores, um tablet e de 12,4 mil euros e US$ 2 mil dólares apreendidos com ele quando da prisão preventiva.

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