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Confira os principais trechos da entrevista do presidente Lula |
Confira os principais trechos da entrevista do presidente Lula| Foto:

Brasília - Normalmente hábil em escolher as palavras que a plateia quer ouvir, o presidente Lula parece ter errado a mão ao usar uma metáfora religiosa em entrevista publicada ontem pelo jornal Folha de S.Paulo. Para defender as alianças políticas que fez em nome da governabilidade, Lula disse: "Se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão". A declaração foi muito criticada pela oposição e pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), entidade que costumava ser aliada das teses defendidas pelo PT antes de o partido chegar ao poder.

Na entrevista, Lula defendeu o apoio que o governo vem dando, por exemplo, ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) e ao senador e ex-presidente Fer­­­nando Collor (PTB-AL) – ambos envolvidos em acusações de corrupção ao longo de suas carreiras políticas. O apoio à manutenção de Sarney na presidência do Se­­nado garantiu a adesão do PMDB à candidatura de Dilma – acordo fechado nesta semana.

A frase de Lula pegou mal no meio religioso. "Cristo não fez aliança com os fariseus, com os saduceus. Pelo contrário, teve palavras muito duras para com eles", disse o secretário-geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, numa referência a pessoas que parecem uma coisa por fora, mas por dentro são outra.

A oposição também aproveitou para "bater" em Lula. O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), disse que o presidente perdeu a vergonha de revelar práticas veladas do governo. "É um governo pragmático que, para garantir sua sustentação, faz aliança até com o pior traidor", afirmou.

Para o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), a entrevista mostra que o presidente não tem limites para formar alianças que garantam a eleição da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência em 2010. "Há uma relação de promiscuidade entre o presidente e os partidos que o apoiam."

O presidente do PPS, Roberto Freire (PE), disse que Lula mostra que tem como prática se aliar a pessoas envolvidas em irregularidades e criticou a metáfora religiosa: "A comparação com Jesus Cristo e Judas – para quem é católico, como ele, e cristão, como boa parte da população brasileira – é uma violência para justificar todas as bandalheiras, traições que permitiu que se fizesse em seu governo". Freire ainda observou que a alta popularidade de Lula faz com que o presidente diga "tudo que lhe vem à cabeça". "Ele (Lula) tem falado besteiras imensas sem se preocupar com limites éticos e morais."

O governador de São Paulo e pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, aproveitou para ironizar. "A entrevista com o Lula mostra bem o que ele é. De ponta a ponta, na forma e no conteúdo. É uma entrevista interessante, porque mostra o que é o Lula", disse Serra.

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