O empresário João Lyra afirmou em entrevista ao Jornal Nacional, na noite de segunda-feira (13), que não tem documentos para provar a sociedade que diz ter feito com "laranjas" indicados pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). "Não entrei nessa área de ver documentos, nem nada", disse o empresário. Lyra diz que a sociedade oculta foi feita para a compra de uma rádio e um jornal, e a pedido de Renan.
Mesmo assim, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), segundo-vice-presidente do Senado, anunciou que a tendência é de que a Mesa Diretora aceite a terceira representação contra Renan, por supostamente utilizar "laranjas" para esconder a propriedade de uma empresa de comunicação em Alagoas. A reunião, primeiramente marcada para esta terça (14), foi adiada para quinta (16), para que haja tempo de Renan ser notificado.
"A tendência é aceitar. A lógica indica que será encaminhada ao Conselho de Ética. De acordo com a resolução que trata do assunto, não resta alternativa. É uma questão de natureza formal", afirmou Álvaro Dias. O tucano será o responsável por presidir a reunião da Mesa, já que Renan se considerou impedido e o primeiro-vice-presidente Tião Vianna (PT-AC) não estará em Brasília.
Segundo Álvaro Dias, a entrevista da revista "Veja" com o usineiro João Lyra, com quem Renan teria a sociedade secreta, em que o empresário e hoje desafeto do presidente do Senado confirma as denúncias, é um elemento novo que "certamente será considerado no julgamento" da Mesa Diretora.
O presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), disse na segunda-feira que vai aguardar até terça para que os senadores Renato Casagrande (PSB-ES), Marisa Serrano (PSDB-MS) e Almeida Lima (PMDB-SE) decidam se aceitam ou não a relatoria da segunda representação contra Renan no conselho: a que diz respeito às acusações de que o presidente do Senado teria favorecido a cervejaria Schincariol. Até agora, Casagrande, Serrano e Almeida Lima não disseram se aceitam o pedido de Quintanilha, limitando-se a pedir o prazo até terça.



