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“O conhecimento da verdade tem todo apoio do ministro da Defesa e de toda estrutura do Ministério da Defesa. O que não temos e não podemos ter, tendo em vista a decisão do Supremo Tribunal Federal em relação à Lei da Anistia, é a pretensão da retaliação deste passado”, Nelson Jobim, ministro da Defesa | Marcelo Casal / Agência Brasil
“O conhecimento da verdade tem todo apoio do ministro da Defesa e de toda estrutura do Ministério da Defesa. O que não temos e não podemos ter, tendo em vista a decisão do Supremo Tribunal Federal em relação à Lei da Anistia, é a pretensão da retaliação deste passado”, Nelson Jobim, ministro da Defesa| Foto: Marcelo Casal / Agência Brasil

São Paulo e Brasília - No mesmo dia em que confirmou o convite ao deputado federal e ex-gerrilheiro José Genoino para atuar como seu assessor direto, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, saiu em defesa da criação da Comissão da Verdade – que não conta com o apoio da ala mais conservadora das Forças Armadas. Em entrevista ao programa radiofônico "Bom Dia, Ministro", Jobim elogiou o parlamentar como uma "figura importante" no Congresso Nacional e disse terem uma relação estreita.

"Eu conheço o deputado José Genoino desde 1988 e tenho relações estreitas com ele. Eu fiz um convite e ele ainda não me respondeu", acrescentou. O ministro disse que ficou de conversar com o parlamentar em fevereiro sobre o convite e disse que sua intenção é "colar" no deputado federal.

Genoino, que renunciou à presidência do PT em 2005 após escândalo do mensalão e é um dos acusados no processo que corre no STF, não foi eleito em 2010 para um novo mandato, estando na segunda suplência. Mesmo sendo dado como certo que aceitará o convite, por enquanto, o deputado desconversa.

"Tenho uma relação política muito forte com o Jobim. Sempre o ajudei na Defesa e defendo muito o trabalho que ele está fazendo. Sempre tive uma relação institucional, de muito diálogo com as Forças Armadas, mas só tomarei decisões a partir de fevereiro [quando a nova legislatura começa], até lá ainda sou deputado", disse.

Apesar de sua atuação na guerrilha do Araguaia e de ter sido preso durante o regime militar, Genoino já foi condecorado pela Marinha, Aeronáutica e Exército. "Entendo a importância das Forças, não há nenhum rancor", disse. Em 2002, ele chegou a ser cotado para a pasta da Defesa. Na atual legislatura, o deputado teve destaque na elaboração do projeto que institui a Comissão da Verdade.

Comissão

Na entrevista de ontem, o ministro posicionou-se a favor da proposta e disse que ela teve "absoluto apoio" do Ministério da Defesa. "O projeto foi elaborado inclusive por mim. Houve divergência em relação a algumas limitações que o ex-secretário [de Direitos Humanos] Paulo Vannuchi pretendeu introduzir, acabou o presidente Lula arbitrando no sentido de manter o texto sugerido pelo Ministério da Defesa. Estou absolutamente de acordo", afirmou o ministro.

Ele ressaltou que as divergências com a Secretaria de Direitos Humanos foram contornadas. "Esse projeto se encontra no Congresso Nacional e não há nenhuma divergência com a secretária atual dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, já que ela conhece muito bem o projeto e temos uma excelente relação", disse. Em cerimônia de transferência de cargo, na segunda-feira, a nova secretária marcou diferença em relação ao seu antecessor, evitando entrar em embate com o Ministério da Defesa sobre o assunto.

Anistia

Jobim, porém, defendeu a anistia dos crimes cometidos durante o período da ditadura – seja por militares ou militantes de esquerda. Ele criticou a abertura de processos criminais para investigar ações cometidas na época – inclusive no que diz respeito ao desaparecimento de guerrilheiros do Araguaia.

"O conhecimento da verdade tem todo apoio do ministro da Defesa e de toda estrutura do Ministério da Defesa. O que não temos e não podemos ter tendo, em vista a decisão do Supremo Tribunal Federal em relação à Lei da Anistia, é a pretensão da retaliação deste passado", afirmou. Segundo Jobim, os processos criminais que possam atingir os eventuais envolvidos na ditadura estão encobertos pela Lei da Anistia.

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