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Eduardo Faria, professor de Direito Constitucional: jogo como ferramente de ensino. | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Eduardo Faria, professor de Direito Constitucional: jogo como ferramente de ensino.| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Não há goblins ou feiticeiros em “Poder e Decisão”. Este é um RPG diferente. Há discursos no lugar de espadas e lobby no lugar dos estudos. O cenário pode ser qualquer um dos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. O ambiente, o de um regime democrático, totalitário ou autoritário.

Cada jogador assume um personagem. Uma turma de 21 pessoas, por exemplo, pode ser dividida em três grupos de sete deputados federais cada uma. Um grupo é a bancada da oposição, outro da situação e o terceiro, neutro.

As regras são as mesmas do “mundo real”. Quer propor uma Emenda Constitucional? Precisa de um terço da casa assinando embaixo do projeto. Para aprovar, três quintos. Em primeiro e segundo turnos.

Público pode jogar RPG dos três poderes no shopping

O jogo “Poder e Decisão” será aplicado no Shopping Palladium, em Curitiba, neste sábado (26). Qualquer pessoa pode se inscrever para a partida, que irá simular o ambiente da Câmara dos Deputados. Basta se inscrever pelo evento do jogo, no Facebook, ou na hora. As vagas são limitadas a 50 pessoas. A promoção é do Centro de Pesquisa Jurídica e Social do curso de Direito (CPJUS) da Universidade Positivo (UP).

A partida irá contar com a participação especial dos alunos de Jornalismo da Universidade Positivo. Os estudantes farão as vezes de repórteres de política, entrevistar os “deputados”, produzir notícias sobre os projetos de lei, etc.

A aplicação será no espaço que a UP mantém até dezembro, no shopping. Todos os participantes ganham um ingresso para assistir à sessão das 16h30 do filme “Evereste”, no cinema IMAX. A partida de RPG é das 13h30 às 16h15. Haverá um ônibus saindo da UP às 11h, e com retorno à Positivo às 18h45. Mais informações pela página www.facebook.com/events/412412308967980.

Cada jogador recebe uma carta, com uma característica do seu personagem. Pode ser um extraterrestre, que não entende nada sobre o funcionamento da Terra; um jornalista, que pode ter o papel de questionar os políticos sobre seus projetos. Ou membro de um grupo de apoio, como um parlamentar militar.

Além disso, cada um pode ter uma identidade secreta. O militar pode ser religioso, por exemplo. Ninguém sabe, mas ele representa os interesses de um grupo ligado a uma igreja. Uma ficha de jogo deve ser preenchida com as características dos personagens, com direito a nome do seu partido.

O jogo traz ainda fichas de ação. São cartas inspiradas nos pecados capitais. Pode ser “exigir que um deputado da oposição me elogie”, carta de suborno para forçar um oposicionista a votar em seu projeto, entre outras. “A ideia não é mostrar como a gente gostaria que fosse, mas como funciona na prática”, explica o professor Eduardo Faria, criador da iniciativa. Por isso é importante trazer temas como a corrupção à tona: ainda que ilegal, é um fator presente no jogo político.

Sala de aula

A ideia de um RPG dos três poderes surgiu durante as aulas para o primeiro ano de Direito, na Universidade Positivo. Faria percebeu que não adiantava enfiar conceitos de Direito Constitucional goela abaixo dos calouros – com idades entre 17 e 19 anos, em média. Era preciso, primeiro, fazê-los entender a lógica do poder.

O legislativo foi prioridade, nas simulações realizadas até agora. Isso porque o ano “propiciou”, com a ação de Eduardo Cunha na presidência da Câmara dos Deputados, e o trâmite de projetos polêmicos, como a reforma política e a redução da maioridade penal.

No executivo, uma experiência foi com o metrô em Curitiba. Os alunos se dividiram entre representantes da administração, grupos de influência, lobistas, terceiro setor. O desafio já não é conseguir maioria, e sim estabelecer um processo democrático, com estudos, audiências públicas, consultas populares.

Distribuição

Idealizado pelo professor de Direito Eduardo Faria, o jogo “Poder e Decisão” contou com o apoio do setor de jogos digitais, da Universidade Positivo, para sair do papel. Acostumados a planejar games, foram eles que deram forma à parte gráfica e deram sugestões de usabilidade, para aproximar de um RPG clássico. O projeto está 90% pronto. A próxima etapa é a distribuição. A universidade ainda não definiu se irá disponibilizar para o grande público, fazer parcerias com órgãos governamentais ou de ensino, distribuir em caixa (como um jogo de tabuleiro), digitalmente, etc.

Mas o funcionamento do jogo está pronto. A ideia é que ele seja adaptável, e possa ser usado tanto em uma oficina de duas horas, quanto como formato de aula, ao longo de um semestre de aulas.

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