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O Jornal da Câmara omitiu o julgamento do mensalão despertando críticas da oposição, que acusa o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), de censura. Na edição desta quinta-feira (2), o jornal ignorou os pronunciamentos de líderes e deputados na sessão do plenário da véspera. Onze deputados de diferentes partidos - DEM PSDB, PPS, PSOL e PT - fizeram discursos sobre o tema, mas não houve qualquer referência na publicação.

"O presidente da Casa, de forma arbitrária, não quer que se divulgue nada sobre isso. É muito grave o que ele fez. O presidente da Câmara está censurando o Jornal da Câmara. Isso é um absurdo!", protestou o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP). O parlamentar lembrou notícia publicada no mês passado, quando Marco Maia teria afirmado não permitir o debate nem a disputa política sobre o tema na Câmara.

Ao formalizar a reclamação no plenário, Freire foi interrompido pelo petista Vanderlei Siraque (SP), gerando um bate-boca. "Vocês acham que o Jornal da Câmara tem de escrever o que vocês querem. O Jornal da Câmara não é a imprensa burguesa de vocês", disse o petista. Freire cobrou uma explicação do presidente da Casa, ausente naquele momento.

O líder do PSDB, Bruno Araújo (PE), considerou "preocupante" a omissão do jornal. "É estranho e vamos levar essa preocupação ao presidente Marco Maia. Foi um sinal amarelo que acendeu. Espero que não haja uma sinalização de censura dos veículos internos da Casa."

Com as atribuições do Jornal da Câmara, dentre elas a divulgação dos debates no plenário, e com o levantamento dos discursos da sessão de quarta-feira em mãos, o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), considerou que o mensalão foi o grande tema do dia em que não houve votações. "O Jornal da Câmara deve ser o único veículo de comunicação do Brasil que ignorou o julgamento do mensalão. Isso é ridículo, mas também preocupante. Dá a impressão que o PT resolveu começar o controle social da mídia pela Casa do parlamento que comanda", afirmou Bueno. Ele comparou a publicação da Câmara à do Senado, que estampou o assunto na primeira página.

Maia contesta

Marco Maia refutou as acusações de censura. "Isso é um absurdo, é uma falácia, é uma mentira." Segundo o deputado, todos os veículos de comunicação da Casa têm autonomia para decidir o que publicar. "Não influencio nos veículos de comunicação da Câmara nem para colocar, nem para tirar matérias. Esse é um problema editorial."

Ao chegar à Câmara, Maia afirmou não ter visto o início do julgamento do mensalão, que começou nesta tarde e está sendo transmitido pela televisão. "O julgamento do mensalão, na fase que está, é para jornalista e para aqueles que não têm mais nada para fazer."

Maia também mandou um recado para oposição, que está reunida numa sala da Câmara para ver o julgamento: "Enquanto estão vendo o julgamento, eu estou fazendo conversar para liberar emendas". Maia aproveitou para criticar o deputado Roberto Freire (PPS-SP) a quem chamou de traidor.

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