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Quando fundou seu segundo jornal, em 1925, quatorze anos após ter lançado o diário "A Noite", Irineu Marinho não esperava ficar menos de um mês à frente do novo negócio. Meses antes de completar 21 anos, o primogênito, Roberto Marinho, não esperava perder seu pai tão precocemente nem ter de assumir a direção do mais novo vespertino da então capital nacional, cujo nome foi escolhido em um concurso inédito promovido entre os futuros leitores do periódico. Quando sugeriram o nome, os futuros leitores não esperavam estar batizando aquele que seria o primeiro veículo de uma das cinco maiores empresas de comunicação do mundo nos séculos 20 e 21.

Segundo matéria publicada nesta sexta-feira na Gazeta do Povo, a primeira edição de O Globo, que circulou em 29 de julho de 1925, vendeu 33.435 exemplares. De lá pra cá, o jornal deixou de ser vespertino, atravessou as fronteiras cariocas e já bateu diversos recordes de circulação, sendo que o maior deles foi em 12 de março de 1995, quando O Globo ultrapassou a marca de 1 milhão de exemplares, ao publicar o primeiro fascículo do "Atlas da História Universal".

O começo

Quando Irineu Marinho morreu, deixou sob responsabilidade de seu primogênito a direção da publicação. Roberto, ainda jovem e inexperiente, decidiu entregar a chefia de redação aos cuidados do jornalista Eurycles de Mattos. Só em 1931, com a morte de Eurycles e já mais maduro, Roberto assumiu o jornal com foco numa linha liberal e na modernização técnica. Foi o início de uma gestão que anos depois resultaria no maior conglomerado de comunicação do Brasil. Expandindo a área de atuação, o jornalista criou a Rádio Globo em 1944 e a TV Globo em 1965.

Durante esses 80 anos, os leitores puderam acompanhar a chegada do homem à Lua, a tão celebrada conquista do tricampeonato mundial de futebol nos anos 70, os horrores da 2.ª Guerra Mundial e os manifestos dos caras-pintadas.

Dentre as conquistas do jornal está a construção do Maracanã, que só aconteceu porque o jornalista Mário Filho, do Globo, fez uma campanha para que o país construísse um grande estádio e pudesse receber a Copa do Mundo de 1950. Em 16 de julho de 1950, um mês depois da inauguração, os torcedores que lotaram o atual Estádio Jornalista Mário Filho presenciaram um dos momentos mais dramáticos do futebol brasileiro: a derrota por 2 a 1 para o Uruguai na final da Copa.

Personalidades

Pela Redação do diário passaram grandes escritores do cenário nacional, como Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga. Entre eles está um dos mais importantes dramaturgos brasileiros, Nelson Rodrigues, que trabalhou no Globo em dois períodos, de 1931 a 1945 e de 1967 a 1980. A segunda fase começou com a publicação da coluna "As confissões de Nelson Rodrigues" no dia 4 de dezembro de 1967 e terminou apenas com a morte do escritor em 21 de dezembro de 1980.

Sempre polêmico e questionador, o pernambucano escreveu peças, crônicas e contos que viraram clássicos da literatura nacional, como "Os sete gatinhos", "Toda nudez será castigada", "A dama do lotação", "Engraçadinha", "Bonitinha, mas ordinária" e muitas outras obras montadas no teatro e adaptadas para o cinema e a televisão.

Outra grande personalidade do Globo foi o mineiro Fernando Sabino, morto em outubro do ano passado. O escritor, autor de "O encontro marcado" escreveu a coluna Dito e Feito, publicada a partir de março de 1977 no Caderno da Família.

Pioneirismo

Uma das maiores preocupações de Roberto Marinho era a inovação tecnológica. Prova disso aconteceu quando o amante da pesca submarina descobriu um novo material que permitia que a pessoa mergulhasse sem se molhar, nem sentir frio, como explica Pedro Bial no livro "Roberto Marinho". "Antes de conseguir importar os incríveis trajes submarinos, Doutor Roberto tinha desenhado pessoalmente e mandado confeccionar o figurino, sob medida, com a borracha disponível – o neoprene. Assim, Roberto Marinho tornou-se o primeiro brasileiro a despencar profundezas abaixo com um estranho modelito, made in Brazil, que funcionava direitinho e prestou ótimos serviços durante bom tempo", diz o livro.

Tal espírito de inovação foi levado para O Globo. O jornal foi pioneiro na introdução de tecnologias na imprensa brasileira. Em 1985, aconteceu uma das grandes mudanças para os jornalistas. As barulhentas máquinas de escrever foram substituídas por terminais de computador. Dez anos depois, aconteceu o segundo marco da transformação digital, quando os terminais foram trocados por computadores. Em 1996, o jornal lançou sua versão eletrônica na internet, O Globo Online, que hoje é visitado diariamente por cerca de 200 mil internautas que acessam as informações em tempo real.

Leia mais – Para ter outras informações sobre os 80 anos de história do Globo, acesse http://oglobo.globo.com/especiais/80anos.

Sobre Roberto Marinho – Roberto & Lily, por Lily Marinho, Editora Record e Roberto Marinho, por Pedro Bial, Jorge Zahar Editor.

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