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Jornalista que denunciou caso de espionagem terá proteção da PF

Senadores da CPI que investiga o assunto temem pela segurança de Glenn Greenwald, que teria novas denúncias sobre o monitoramento feito pelos EUA

O jornalista Greenwald (esq.) e seu companheiro Miranda: escolta deles será requerida pela CPI ao ministro da Justiça | Ricardo Moraes/Reuters
O jornalista Greenwald (esq.) e seu companheiro Miranda: escolta deles será requerida pela CPI ao ministro da Justiça (Foto: Ricardo Moraes/Reuters)

O jornalista Glenn Green­­wald, que denunciou casos de espionagem dos Estados Unidos sobre o Brasil, e o companheiro dele, David Miranda, deverão ter proteção especial da Polícia Federal (PF) por tempo indeterminado. A determi­­nação é da Comissão Parlamentar da Inquérito (CPI) da Espionagem instalada ontem no Senado para investigar o monitoramento do governo dos EUA a correio eletrônico e telefonemas no Brasil. O monitoramento teria atingido até mesmo a presidente Dilma Rousseff.

"Consultamos o Glenn a respeito da iniciativa [de pedir proteção] e ele considerou muito adequada e prudente por causa das novas denúncias que ele fez no fim de semana envolvendo a quebra do sigilo da presidente Dilma e de novas denúncias que vão continuar acontecendo, em razão do processamento que ele está fazendo", destacou o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que foi eleito relator da CPI.

De acordo com Ferraço, a presidente da comissão, senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), entrará em contato com o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, para comunicar e requerer a imediata escolta de Greenwald e Miranda. De acordo com o senador do PMDB do Espírito Santo, Dilma terá oportunidades para demonstrar não apenas indignação em relação ao caso, mas cobrar uma aliança internacional sobre o assunto.

Segundo Ferraço, o tema deve ser discutido com o presidente norte-americano, Barack Obama, na visita que ela deverá fazer a Washington, em outubro. Além disso, o senador do PMDB afirmou acreditar que em setembro, na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na qual o Brasil, tradicionalmente, faz o discurso e abertura, Dilma deveria abordar o assunto e criar "todo tipo de constrangimento" aos EUA.

Apesar dos esforços do Senado, há receio de que a CPI represente mobilizações, mas sem consequências. "Temo que não se consiga produzir nada e acabe ficando no meio caminho", destacou o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Ferraço, contudo, afirmou acreditar que a comissão conseguirá dar respostas ao caso.

Dilma quer suspensão de empresas ligadas a vazamentos de dados

A presidente Dilma Rousseff quer incluir na legislação brasileira um dispositivo que permita suspender a operação de empresas que cooperarem com esquemas de espionagem internacionais. A presidente também encomendou o fortalecimento da rede interna de comunicação do governo, pois ainda hoje muitos de seus auxiliares usam serviços vulneráveis como o Gmail. As duas medidas foram discutidas na segun­­da-feira na reunião de Dilma com os ministros diretamente envolvidos no caso das suspeitas de espionagem dos EUA. "Pode ser banco, empresa de telefonia", disse o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, sobre a suspensão de operações de empresas. "Se cooperarem com esses esquemas, terão a licença de operação aqui no Brasil cancelada", disse. O dispositivo deverá ser incluído no marco civil da internet, em discussão no Congresso, ou no projeto de lei de segurança de dados pessoais, que está em elaboração pelo governo.

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