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Um jovem de 19 anos, filho de um empresário do ramo alimentício de São Paulo, foi libertado na manhã desta quarta-feira por policiais do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc). Ele passou 58 dias no cativeiro, em Parada de Taipas, na zona norte da capital. Quatro seqüestradores foram presos. O rapaz, que está 13 quilos mais magro, foi seqüestrado em Santana do Parnaíba, na Grande São Paulo. Segundo os policiais, o jovem já havia passado por três cativeiros e no próximo domingo seria transferido para um outro imóvel.

De acordo com as investigações, duas quadrilhas de assaltantes e seqüestradores, uma da zona norte e outra da zona sul, participaram da ação. A família do rapaz chegou a pagar o resgate, mas o dinheiro foi para apenas uma das quadrilhas, que comprou imóveis e carros zero quilômetro.

- Acreditamos que a vítima seria morta. Além do fato de o estudante ter visto os seqüestradores, a quadrilha da zona norte teria de se livrar do refém para tentar enganar os outros criminosos - disse o delegado Fábio Guimarães, divisionário do Núcleo de Apoio e Proteção às Escolas (Nape), do Denarc.

Diante do risco de morte, os investigadores estouraram o cativeiro na rua Alonso de Mondejar, 82, City Jaraguá, e encontraram o estudante de 2º Grau trancado em um quarto escuro. O manobrista Márcio Rosa de Souza, de 35 anos, carcereiro do cativeiro, estava armado de revólver calibre 38 e tentou fugir, mas foi preso no local. Márcio trabalhava nas imediações do salão da Escola de Samba Rosas de Ouro.

Apontado como chefe da quadrilha da zona norte, Diomar Amaro Rosa Filho, de 24 anos, também foi preso na mesma rua, no número 22. Ele era um dos negociadores do resgate e contratou Márcio para tomar conta do cativeiro, oferecendo R$ 10 mil pelo serviço. Márcio, que já havia trabalhado no primeiro cativeiro, é proprietário do sobrado onde a vítima foi resgatada.

Segundo a polícia, Diomar comprou com parte do dinheiro um imóvel na zona norte e um Fiat Stilo, zero quilômetro, por R$ 61 mil. O carro ainda não foi entregue pela concessionária. Diomar guardou a quantia paga pela família, dona de uma fábrica de chocolates, em casa.

Raquel Evangelista Elias, de 18 anos, irmã da mulher de Diomar, também está presa. Ela é mulher de outro seqüestrador, Evanildo Fernandes de Araújo, de 28, que era foragido do Presídio de Pacaembu, no interior, e foi recapturado na Vila Brasilândia na segunda-feira. Segundo as investigações, Raquel esteve no cativeiro. Ela e a irmã também levavam recados e atendiam telefones para a quadrilha.

Outros envolvidos no seqüestro já estão identificados por nome ou por apelidos. Dois deles, integrantes da quadrilha da zona sul, são José Pedro da Silva Figueiredo e Ulisses José Bezerra, o Alemão.

O estudante contou que o carro dele foi fechado em uma estrada de Santana do Parnaíba, dia 18 de setembro. Ele tentou dar marcha-a-ré, mas outro veículo travou o carro. Ele foi levado para o primeiro cativeiro, que ficava próximo a uma rodovia. Com medo de se alimentar com a comida levada pelos seqüestradores, ele disse que comia apenas frutas. Quanto às roupas, o rapaz usava calça e camisa emprestadas enquanto as suas eram lavadas. Cabeludo e com barba crescida, o rapaz passa bem. Ele foi levado ao Denarc para prestar depoimento.

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