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Os brasileiros estão iniciando sua vida sexual mais cedo. De acordo com a Pesquisa sobre Comportamento Sexual e Percepções da População Brasileira sobre HIV/Aids (1998-2005), divulgada nesta sexta-feira, os homens na faixa de 16 a 19 anos tiveram sua primeira relação sexual aos 14,7 anos, enquanto entre os homens com idade de 20 a 24 anos, a primeira relação foi aos 15,3 anos. As mulheres também estão transando pela primeira vez mais jovens: enquanto as jovens com 20 a 24 anos perderam a virgindade aos 16,5 anos, aos moças com 16 a 19 anos tiveram a primeira experiência sexual aos 15,3 anos.

Por outro lado, aumentou o número de jovens brasileiros que estão usando preservativo na sua primeira relação sexual. Na população geral de pessoas com 16 a 19 anos, o uso da camisinha na primeira relação cresceu de 47,8%, em 1998, para 65,8%, em 2005. Na faixa etária que vai dos 20 aos 24 anos, esse número pulou de 37,7% para 55,2%, no mesmo período. A maioria dos entrevistados respondeu que o uso do preservativo na primeira relação foi proposto pelos dois parceiros - nota-se, porém, que os homens sugerem mais o uso da camisinha que as mulheres. Um estudo realizado em 1986 revelou que, naquela época, somente 9% dos brasileiros declararam ter usado preservativo na primeira relação.

Segundo a pesquisa divulgada hoje, entre homens de 16 a 19 anos, o uso do preservativo na primeira relação sexual passou de 45,1% em 1998 para 68,3% em 2005. Entre os brasileiros com 20 a 24 anos, o percentual subiu de 44,0% para 57,5%, no mesmo período. Entre as mulheres, na faixa etária de 16 a 19 anos, o percentual passou de 51% para 62,5%, e de 30% para 52,4%, entre as brasileiras com 20 a 24 anos.

Em declaração durante a apresentação dos resultados da pesquisa, o ministro da Saúde, Saraiva Felipe, disse que "os dados mostram que a política adotada pelo governo está no caminho adequado".

O diretor do Programa Nacional de DST e Aids, Pedro Chequer, afirmou, durante o evento, que o aumento do uso da camisinha é refletido na queda do número de casos de Aids em adultos jovens. Uma realidade que "se contrapõe às características da epidemia nas faixas etárias mais elevadas, nas quais a menor freqüência do uso do preservativo leva a uma maior ocorrência de casos de Aids", disse.

De acordo com o Boletim Epidemiológico 2005, o número de casos da doença em homens de 13 a 29 anos caiu de 5.028 (1998) para 3.671 (2004). Entre mulheres, a redução foi menor: na faixa etária de 13 a 24 anos, os casos caíram de 1.483 (1998) para 1.455 (2004).

No público masculino, as principais razões alegadas para não usar o preservativo na primeira relação sexual são basicamente as mesmas nas duas faixas etárias: a falta da camisinha na hora da transa, falta de informação e orientação, e não pensar no assunto. Entre as mulheres, a confiança no parceiro é um dos principais argumentos para não usar preservativo, nas duas faixas etárias pesquisadas.

A pesquisa revelou também que o preservativo é mais usado nas relações eventuais do que nas estáveis. Quase 87% dos homens de 16 a 19 anos usam camisinha nas relações casuais. Já das mulheres de 20 e 24 anos, apenas 23,4% usam preservativo com seus namorados, noivos, maridos ou outros parceiros com vínculo ou compromisso.

Entre as razões dadas para não iniciar a vida sexual, os homens alegam a busca pela parceira ideal, a falta de vontade e de oportunidade, e a pretensão de casar virgem. Destaque para a faixa etária de 20 a 24 anos, que cita em primeiro lugar questões religiosas. As mulheres das duas faixas etárias citam a busca por um parceiro ideal, a falta de vontade e o desejo de casar virgem.

A pesquisa foi realizada pelo Ibope entre 15 de junho e 30 de agosto e ouviu 5.040 pessoas na faixa dos 16 aos 65 anos em todo o país. Os dados divulgados nesta sexta-feira pelos Ministérios da Saúde e da Educação, no entanto, dizem respeito apenas à faixa etária de 16 a 24 anos. A pesquisa foi coordenada pela demógrafa Elza Perquó, coordenadora da área de população e sociedade do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).

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