Juiz entende que ré teria sido coagida por ex-deputado

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Decisão judicial de primeira instância absolveu sumariamente uma empregada doméstica acusada de furtar R$ 80 mil, em função de ela ter sido supostamente coagida a admitir o crime. A coação, de acordo com a sentença do juiz Antonio Carlos Schiebel Filho, teria sido praticada pelo ex-deputado estadual Fabio Camargo. Um inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ) apura o possível crime de coação, mas ainda não foi encerrado.

A acusada, Isolete Miche­luzi de Lara, trabalhava para uma parente idosa de Fabio Camargo, a bisavó de sua esposa. Em 2011, a família passou a acreditar que a doméstica ficava com o dinheiro de cheques que descontava para manter as despesas da casa. Somando-se todos os cheques, a família chegou à conclusão de que ela poderia ter furtado R$ 80 mil. Na época, a doméstica assinou uma confissão de dívida e uma investigação foi iniciada.

Em depoimento à Justiça, porém, Isolete afirmou que só assinou a confissão em cartório depois de ter sido ameaçada. Ela afirmou que, além de Fabio Camargo, um outro homem teria ido ao apartamento no dia em que ela admitiu o crime. O outro indivíduo foi identificado como sendo o investigador da Polícia Civil Sydney Dias Bozza. Em depoimento, ele confirmou que Isolete negou os furtos por várias vezes – e apenas confessou depois de ter ficado sozinha com o deputado em um quarto.

O juiz entendeu que há indícios de coação e que isso torna a confissão da dívida uma prova ilícita – e que, por extensão, todas as demais provas também se tornam ilícitas. Segundo Giovani Gionédis, advogado de Tatiana Iatauro, a família já recorreu da decisão. Tatiana, que é sogra de Fabio Camargo, é neta da senhora que teria sido furtada. "Acreditamos que o juiz teve um entendimento errôneo dos fatos. A suposta coação é objeto de outra investigação. Aqui, o que está em discussão é o furto", afirma Gionédis.

Outro lado

A reportagem tentou contato com o ex-deputado Fabio Ca­mar­go e não conseguiu resposta. Foi tentado ainda contato com o advogado de Isolete, Danilo Rodrigues Alves, mas também não conseguiu falar com ele.