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Será retomado nesta quinta-feira, o julgamento do jornalista Antonio Pimenta Neves, acusado de matar a ex-namorada Sandra Gomide há seis anos, em agosto de 2000. Nesta quarta-feira, a maior parte do dia foi consumida com leitura de trechos dos autos para que os jurados tomassem contato com as principais peças do processo. As testemunhas ainda nem começaram a ser ouvidas. Serão nove ao todo: cinco de acusação e quatro de defesa. Durante a leitura do depoimento de Pimenta Neves, quando ele descreve o crime, o jornalista levou as mãos aos ouvidos, como se não quisesse escutar o que estava sendo dito. Ele ficou em silêncio o tempo todo. Uma das filhas dele veio dos Estados Unidos para acompanhar o julgamento. Ninguém da família de Pimenta Neves ou da defesa dele quis falar com a imprensa.O promotor do caso, Carlos Sérgio Horta Filho, afirmou que o silêncio do jornalista, quando ele podia ter comentado o crime, reforça a culpa dele.

- Ele vem aqui depois de seis anos e fica quieto. Isso demonstra que é réu confesso e não tem nada a dizer em sua defesa - afirmou o advogado Sergei Cobra.

O pai de Sandra Gomide, João Gomide, na entrada do tribunal, afirmou que iria ver o assassino da filha pela primeira vez depois do crime.

- Espero que ele seja condenado ao máximo - afirmou Gomide.

Quatro mulheres e três homens vão decidir o destino do jornalista Antonio Marcos Pimenta Neves. Os jurados não podem sair do recinto e ficam isolados do público, sem acesso a jornais, internet ou televisão, e sem comunicação com a família. Também não podem cochilar durante a sessão. Além deles, dos familiares da vítima e do acusado, 22 moradores de Ibiúna podem acompanhar o julgamento na plenária do tribunal. A Justiça proibiu que o julgamento fosse filmado.

Pimenta Neves é réu confesso e responde por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e sem possibilidade de defesa da vítima. O processo tem 2.400 páginas, mas não será lido na íntegra e, por isso, o julgamento pode durar menos do que os três dias inicialmente previstos.

Na manhã desta quarta-feira, Pimenta Neves entrou no fórum pela porta da frente e foi xingado por populares, que o receberam aos gritos de 'assassino'. Sentado diante do jurados numa sala pequena, onde cabem apenas 45 pessoas, o ex-diretor do jornal 'O Estado de S.Paulo' se apresentou ao Tribunal do Júri com a barba por fazer, com aparência de abatido.

Ao juiz, disse que sua profissão é 'aposentado do INSS', se negou a comentar sobre rendimentos e também não quis falar sobre o crime.

- Prefiro me manter em silêncio - afirmou.

A defesa do jornalista tentará convencer os jurados de que o jornalista não deve ser condenado, pois agiu sob forte emoção, por amor. O motivo do crime foi o fim do romance entre os dois.

Desde que confessou o crime e teve prisão preventiva decretada, Pimenta Neves passou apenas sete meses na prisão. Na Justiça, ele obteve hábeas-corpus para aguardar o julgamento em liberdade.

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