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Os metroviários podem voltar ao trabalho na noite desta sexta-feira e encerrar a greve do metrô paulistano, que já dura dois dias. A afirmação é do presidente do Sindicado dos Metroviários de São Paulo, Flávio Godoi. A categoria realiza uma assembléia a partir de 18h30m.

O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) julgou a greve abusiva e determinou que os metroviários retomem a operação dos trens do metrô, sob pena de serem demitidos pela empresa. O presidente do Sindicato afirmou que, mesmo que a categoria decida retornar ao trabalho, levará cerca de 4 horas para colocar os trens em funcionamento normal. Ou seja: a volta do trabalho do paulistano será complicada.

Godoi criticou a decisão da Justiça. Para ele, o metrô só é considerado serviço essencial pela Justiça e pelo governo quando prejudica o trabalhador.

- Na hora do governo investir, áreas como saúde, transporte e educação nunca são consideradas serviços essenciais. O poder público sempre leva vantagem - diz o sindicalista.

A juíza Cátia considerou o movimento 'selvagem e abrupto' e os metroviários são os responsáveis pelo desconforto causado aos paulistanos. Em decisão inédita, o TRT exigiu a volta imediata ao trabalho sob pena de os grevistas serem demitidos. O Sindicato dos Metroviários foi condenado a pagar R$ 200 mil pelos dois dias de greve e os trabalhadores terão os dias de greve descontados do salário. Os metroviários não atenderam o TRT, que havia determinado a manutenção de 85% dos trens em circulação nos horários de pico.

Nesta sexta, foi criada uma linha de ônibus extra até Guaianazes, na zona lese, para desafogar os trens da CPTM . Os paulistanos buscaram alternativas para chegar ao trabalho sem ir às estações de integração com trens ou ônibus. Os moradores da zona leste continuam a ser os mais prejudicados. A situação deles piorou: estão sem metrô e sem ônibus. Motoristas e cobradores da Viação Himalaia, que opera 55 linhas na região, também cruzaram os braços. A Prefeitura conseguiu garantir ônibus em apenas 31 das 55 linhas e os veículos são menos da metade do norma l. Se já andam lotados normalmente, nesta sexta a situação é mais crítica. Pelo segundo dia consecutivo, o rodízio de veículos está suspenso.

Ontem, milhares de paulistanos sofreram para chegar em casa.

A polícia e a CPTM montaram esquema especial para a volta sofrida dos paulistanos que precisam usar a Estação da Luz. Apenas uma entrada ficará aberta, pelo Parque da Luz, e será feito um bolsão de contenção para os usuários. Depois dele, terá uma fila única de acesso. Um cordão de policiais e seguranças ficará no local.

O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) julga nesta tarde se a greve é abusiva ou não. Os metroviários não estão cumprindo a determinação da Justiça de manter em funcionamento 85% da frota nos horários de pico. O governo do estado ameaçou contratar 100 funcionários de confiança , além de passar a usar trens sem condutores já na Linha Amarela , que está sendo construída.

O Sindicato dos Metroviários rebateu e alertou para o risco de colocar trens para circular comandados por um computador .

Nesta sexta, a linha norte-sul ( (Jabaquara-Tucuruvi) opera com intervalo maior entre os trens. São bem menos usuários do que o normal, o que torna os passageiros privilegiados se comparados, por exemplo, aos da zona leste.

Na linha 2, que vai do Alto do Ipiranga à Vila Madalena, apenas o trecho entre Ana Rosa e Clínicas opera de forma precária. As demais estão paradas.

Pela manhã, a integração foi interrompida. Ou seja: se sair da linha norte-sul para o trem o passageiro pagava duas passagens. O uso do bilhete único, que permite pagamento de uma só tarifa, ficou suspenso. Por volta das 10h, voltou a ser permitido, mas deve ser interrompido de novo à tarde por questões de segurança. Como as bilheterias estão lotadas, camelôs vendem a R$ 3 o bilhete que custa R$ 2,30 nos postos oficiais.

Todos os acessos da estação Itaquera estão fechados, tanto do próprio metrô quanto o do trem. Os trens do Expresso Leste, única opção para usuários do metrô que residem na zona leste, andam lotados e as plataformas estão cheias.

A estação Barra Funda, na zona oeste, continua fechada e o policiamento foi reforçado. Todos os acessos e bilheterias estão fechados. Por dia, 60 mil pessoas usam a estação, onde funciona também um terminal de ônibus de viagem.

Nos terminais de ônibus municipais, duas pessoas ajudaram pela manhã a informar aos usuários itinerários e pontos. A maioria das linhas segue para as zonas oeste ou norte da cidade. Quem precisa ir para o centro de São Paulo tem de caminhar cerca de 10 minutos para tomar ônibus no corredor da Avenida Francisco Matarazzo.

O movimento, no entanto, foi bem menor do que o de quinta-feira. Os usuários acharam outra opção para chegar ao trabalho ou decidiram ficar depois da confusão de ontem.

- O movimento está mais calmo porque as pessoas não foram pegas de surpresa. A maioria se preparou, chegou mais cedo ou decidiu ir para outro destino. Muita gente foi de carro ou de carona para o trabalho. As empresas também se prepararam e aumentaram a oferta de ônibus - disse um fiscal do terminal Rodoviário da Barra Funda.

O motorista de ônibus Ricardo dos Santos Nicolau afirmou que ficou surpreso com a calma e contou que o trânsito está menor na região.

Lucila Santos, gerente de vendas, disse que ontem não conseguia descobrir que ônibus deveria pegar para ir ao centro da cidade. Nesta sexta, foi mais fácil porque ela já sabia o caminho e foi direto para o corredor de ônibus da Avenida Francisco Matarazzo.

Também a Linha 5, que vai do Largo Treze ao Capão Redondo, na zona sul, está parada. O ramal, entretanto, é subutilizado e transporta uma média de 90 mil passageiros por dia. É uma surpresa que, numa cidade onde falta transporte e numa região tão populosa quando a zona sul, o metrô circule quase vazio.

Ricardo Castro, nutricionista, também se disse surpreso.

- Hoje tem muito menos gente na rua e trânsito. Não tive muita dificuldade para chegar até a estação Barra Funda - contou.

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