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CAPA

Coleção de selos preserva a memória do direito

Advogado e escritor João Casillo tem mais de 5 mil itens de filatelia relacionados ao mundo jurídico e transformou a paixão em um belo livro histórico

Advogado João Casillo mostra itens da sua coleção de selos. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Advogado João Casillo mostra itens da sua coleção de selos. (Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo)

O advogado e escritor João Casillo passeava pelas pequenas barracas de livros usados que ficam à beira do Rio Sena, em Paris, quando viu uma prateleira com selos antigos. Ele reparou que alguns deles tinham temática jurídica. Seus olhos brilharam. Saiu de lá e foi direto para um antiquário. E então não parou mais.

A cena descrita acima ocorreu há cerca de 40 anos. Hoje, o advogado já chegou à marca de 5 mil selos, distribuídos em expositores em seu escritório e em quase uma dezena de pastas de couro, que ele organiza nas horas vagas.

Depois de uma minuciosa revisão que durou quase três anos, a coleção de selos de Casillo foi resumida em um livro com 460 páginas - um catatau- , que reproduz e detalha cerca de mil selos lançados em 150 países desde o início do século passado. A publicação será lançada no próximo domingo (26), em Curitiba.

Com várias origens, todos os selos têm em comum o fato de retratarem momentos ligados à história e à evolução do direito e dos direitos humanos. Entram como exemplo edições comemorativas de selos que representam a Revolução Francesa, a libertação dos escravos no Brasil e o início do voto feminino .

Aos 71 anos, meio século de profissão, Casillo é um tipo difícil de se encontrar hoje em dia. Metódico e organizado, é dado a guardar coisas que lhe inspiram. Recepcionou a reportagem da Gazeta do Povo com uma gravata decorada com balanças, um dos símbolos mais reconhecidos da Justiça. Tem outras 50 gravatas parecidas. Além de um suspensório, que ganhou da secretária.

Advogado mantém coleção com 5 mil selos jurídicos

Cerca de mil selos aparecem em livro lançado por João Casillo, retratando momentos importantes da história da sociedade, como a divisão de Portugal em sesmarias ou a abolição da escravidão no Brasil.

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Aos poucos, o advogado transformou seu escritório, o casarão rosa em frente à Praça Eufrásio Correia, em um “museu” de obras de arte e outros produtos ligados ao direito. Todas as paredes, corredores, prateleiras, cantos e gavetas foram preenchidas com os objetos, incluindo os selos.

Para formar a coleção, além da busca pessoal em sebos, o advogado também contratou o filatelista [colecionador de selos] curitibano César Lima Otoni para ajudar a encontrar peças de interesse em clubes de colecionadores. Ele também “tenta incentivar” os amigos a lhe darem presentes que possam integrar a coleção. “Isso é uma coisa que não chega até você. Tem que procurar, ir atrás, ter vontade”, afirma.

No ponto de vista do advogado, reunir selos, que são a cada dia menos usados no mundo, também tem um valor simbólico, de preservar fatos importantes da história dos homens. Seria um antídoto contra a falta de memória das novas gerações.

“Uma coleção não pode ficar restrita ao mundo do colecionador, ela tem que servir a um propósito. Se difundir alguma coisa para alguém, já fico feliz”, pontua.

Outros fatos históricos que aparecem no acervo de selos comemorativos são os 2,5 mil anos da Tribuna da Plebe, uma das primeiras organizações do povo que levou à criação dos atuais plebiscitos; e os 750 anos da Carta Magna, do rei João da Inglaterra, que submeteu a monarquia à pena da lei, representando o pontapé inicial para o constitucionalismo.

Selo comemora os 15 anos do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua, que em 1990 conseguiu a publicação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), marco dos direitos das crianças | Albari Rosa/Gazeta do Povo

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Anjo retira os grilhões de escravos. O selo faz alusão à Lei Áurea, promulgada em 13 de maio de 1888, pela princesa Isabel, que permitia a liberdade a todos os escravos do país. | Albari Rosa/Gazeta do Povo

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Anjo retira os grilhões de escravos. O selo faz alusão à Lei Áurea, promulgada em 13 de maio de 1888, pela princesa Isabel, que permitia a liberdade a todos os escravos do país.

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Os 200 anos da Revolução Francesa comemorados no Brasil retratam obra do pintor Nicolas Antoine Taunay | Albari Rosa/Gazeta do Povo

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Original de selos que retratam a Constituição de 1946, do governo de Eurico Gaspar Dutra. A Carta substituía a “Constituição Polaca” de Getúlio Vargas | Albari Rosa/Gazeta do Povo

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