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Painel

Igualdade de direitos e inclusão de minorias são temas de debate na Conferência

Palestrantes defendem diversos pontos de vista para encontrar meios de incluir na sociedade as minorias desfavorecidas

Com discursos inflamados, os participantes do painel "Direito de Igualdade", na manhã desta terça-feira (22), realizaram palestras que envolveram diversos temas sobre a necessidade de tornar a sociedade, por vias legais, mais igualitária e garantir o direito das parcelas excluídas.

Um dos debates que arrancou mais aplausos e comentários da plateia foi a discussão sobre a necessidade ou não da implantação da política de cotas raciais nas universidades públicas. Defendendo que todos têm a mesma capacidade, independentemente da cor, a procuradora do Distrito Federal Roberta Fragoso Kaufmann disse que não existem raças, apenas a "raça humana".

Roberta afirma que ninguém discute a existência de racismo no Brasil, mas se discute a implantação de um estado "racializado", com direitos baseados na raça. "É preciso desconstruir o mito da raça. As raças não existem. Somos todos da raça humana", criticou a procuradora, que defendeu a criação de cotas sociais nas universidades, para estudantes de escolas públicas, no lugar de cotas raciais.

Já o conselheiro federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Luiz Viana Queiroz rebateu o posicionamento da procuradora e defendeu a constitucionalidade da implantação de cotas. Segundo Queiroz, em sua palestra sobre "Ações Afirmativas e Cotas", é necessário analisar se é juridicamente possível tratar os negros como diferentes para a implementação de cotas raciais em universidades.

Para o conselheiro federal, "deve-se fazer referência aos índices de desigualdade na sociedade, que mostram as disparidades entre brancos e negros". Queiroz afirmou que garantir o acesso de negros às universidades é também uma forma de "tornar a sociedade mais igualitária".

Pessoas com deficiência

Outro ponto abordado foi a garantia dos direitos das pessoas com deficiência. A palestra "Acessibilidade e Direitos do Deficiente" foi ministrada pelo desembargador federal do trabalho Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, o primeiro juiz deficiente visual do Brasil.

Na palestra, o desembargador afirmou que o problema da exclusão dos deficientes começa com a definição das limitações das pessoas pertencentes a essas classes. "Até hoje a pessoa com deficiência foi definida no sentido clínico. A deficiência deve ser vista como algo inerente da diversidade humana".

De acordo com Fonseca, a deficiência não está na pessoa, "mas na sociedade, que não dá a essas pessoas os meios plenos para que exerçam sua cidadania". Nos meios jurídicos, segundo o desembargador, o "cidadão tem direito de ser ouvido por um processo feito na Língua Brasileira de Sinais (Libras)", exemplificou.

Os direitos da mulher

A procuradora Roberta Kaufmann, em palestra com tema "Igualdade de Gênero e Proteção Jurídica da Mulher", também falou sobre a necessidade da luta das mulheres para quebrar barreiras sociais e legislativas antigas no Brasil para alcançar a igualdade com os homens.Ao falar que os diversos preconceitos só caem com políticas de educação e civilidade, Roberta enfatizou que as mulheres no Brasil alcançaram vários objetivos sem a necessidade de grandes conflitos de gênero. Segundo ela, "direitos humanos não se constroem com revanche, se constroem com integração".

Outros palestrantes

Também participaram do painel Direito de Igualdade o professor catedrático da Universidade de Coimbra, em Portugal, José de Farias Costa, com a palestra "Igualdade Jurídica, Políticas Públicas e Desigualdades Sociais", e o professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Luiz Guilherme Marinoni com o tema "Acesso à Justiça e Igualdade perante a Jurisdição".

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