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publicidade infantil

MPF investiga Mc Donalds por propaganda abusiva com youtubers mirins

Inquérito leva em conta que rede de restaurantes distribui seus brindes para apresentadores da internet divulgarem antes mesmo de começar suas campanhas oficiais

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(Foto: Reprodução)

O Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo vai investigar o Mc Donalds por publicidade abusiva devido à divulgação de brinquedos da rede por youtubers mirins. A denúncia partiu do projeto Criança e Consumo do Instituto Alana e teve como base um vídeo apresentado por uma youtuber de 10 anos que divulga os brinquedos da campanha da rede Hora da Aventura.

O inquérito civil instaurado pelo MPF levou em consideração o fato de que a divulgação feita pelos youtubers mirins leva as crianças ao consumo de alimentos industrializados, processados, com alto teor de sódio, gordura trans e açúcar. Também está entre as justificativas para a instauração a estratégia da empresa de distribuir aos youtubers seus produtos novos antes mesmo de serem lançados em suas campanhas oficiais.

A advogada do Instituto Alana, Ekaterine Karageorgiadis, explica que a entidade apresentou a denúncia por considerar que houve “violação dos princípios que protegem a criança nas relações de consumo”.

Ekaterine explica que entre os argumentos está o de que o Estatuto da Criança e do Adolescente prevê a proteção da criança do ponto de vista moral. E, mais especificamente, o Código de Defesa do Consumidor, no artigo 36, determina que a publicidade deve ser veiculada de modo que possa ser identificada como tal pelo público. O Código também veda, no artigo 37, qualquer publicidade que “se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança”.

A advogada aponta também que a Constituição Federal define, no artigo 227, que proteção da criança é prioridade do Estado e da sociedade.

Em 2014, foi publicada a Resolução 163 do Conanda, que considera abusiva as peças de publicidade com personalidades que tenham apelo para o público infantil.

Em nota, o Mc Donalds afirma que “pratica desde 2007 uma rígida política institucional, que inclui um código de ética próprio em comunicação publicitária de alimentos. Essa auto-regulamentação interna é ainda mais severa que as normas que regem a publicidade brasileira”.

A empresa acrescenta que há diversas decisões, inclusive no Conselho Nacional Auto-Regulamentação Publicitária (Conar), que consideram esse tipo de publicidade legal.

O Mc Donalds lembra também que os brinquedos que acompanham o Mc Lanche Feliz podem ser adquiridos separadamente, e que todas as informações nutricionais dos alimentos que comercializa são apresentadas “para que os pais possam decidir como alimentar seus filhos”.

Google

Além do Mc Donalds, o Google - proprietário do Youtuibe – também foi notificada nas investigações e teve de prestar esclarecimentos sobre a publicidade realizada por crianças e voltada ao público infantil nos canais do site.

A empresa respondeu que, nos termos de adesão da plataforma há a informação de que a mesma é voltada para maiores de 18 anos e que crianças só devem assistir acompanhadas e orientadas pelos pais.

Mas para o procurador responsável “afirmar que o ‘Youtube não é uma plataforma para o público infantil’ é contrariar a realidade”. A empresa, contudo, apenas prestou esclarecimentos para compor a investigação civil, e o alvo principal é o Mc Donalds.

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