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Paulo Fernando da Costa Lacerda, de 62 anos, goiano de Anápolis e flamenguista de coração, assumiu a direção-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência, em outubro de 2007 - após 4 anos e 10 meses no comando do Departamento de Polícia Federal (DPF), posto que havia ocupado desde o início do primeiro governo Lula, em 2003.

Foi na gestão Lacerda que a PF mergulhou na fase mais ostensiva de sua trajetória e mostrou nova cara ao País, construída em cima de um modelo de inteligência policial que valoriza radicalmente o grampo telefônico - estratégia que tem o aval expresso do Judiciário e da Procuradoria da República, mas que sofre pesada resistência da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

A escuta é o lastro das operações de grande envergadura que a PF de Lacerda pôs na rua e que levaram à prisão cerca de 7 mil empresários, advogados, lobistas, políticos e servidores públicos supostamente envolvidos com o crime do colarinho branco, evasão de divisas, lavagem de capitais e corrupção.

O combate às organizações criminosas e as interceptações com a chancela judicial são a marca da PF que Lacerda planejou. Não houve uma única missão contra fraudadores do Tesouro que não tenha sido amparada no grampo, e todas as jornadas com sinal verde da Justiça e do Ministério Público Federal.

Independência e respaldo político, segundo Lacerda, foram fundamentais para a atuação da PF no período em que dirigiu a corporação. "Sem o apoio do Judiciário e sem a confiança do Ministério Público Federal não poderíamos chegar a lugar nenhum", declarou ele no primeiro mandato de Lula.

Formado em Direito pela Faculdade Cândido Mendes, no Rio, Lacerda foi bancário e, depois, delegado federal - carreira à qual pertence há quase três décadas. Por 6 anos atuou como assessor especial no Senado. É ligado ao senador Romeu Tuma (PTB-SP). Conquistou notoriedade em 1992, quando desvendou o esquema PC Farias, tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor.

Muitas vezes a PF tem sido acusada de arbítrio e também da prática de arapongagem. Contra o cerco a escritórios de advogados, a OAB insurgiu-se e faz pressão. Contra as operações que atingiram repartições próximas até do Palácio do Planalto, aliados do presidente atribuíram "descontrole" à instituição.

Quando ainda dirigia a PF, Lacerda declarou: "Não queremos ser a palmatória do mundo, queremos apenas fazer a nossa parte, que está na Constituição. Onde tem crime organizado tem algum agente público envolvido. E se você não for duro com ele, você não vai chegar a lugar nenhum. Pode ser um policial, pode ser um fiscal, uma autoridade, pode ser um político, um magistrado."

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