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O governador Roberto Requião foi o primeiro a denunciar publicamente um esquema de corrupção que hoje abala dois de seus principais aliados políticos. Em 2001, quando ainda era senador da República, Requião usou a tribuna para pedir que a Receita Federal investigasse o que lhe parecia ser o indício de um crime. Uma mulher que nunca havia pago ou mesmo declarado Imposto de Renda havia recebido uma restituição do imposto. Agora, feitas as investigações, o Ministério Público Federal chegou à conclusão de que havia mesmo um crime sendo cometido. E acusa o deputado Nereu Moura e o ex-presidente da Cohapar Luiz Cláudio Romanelli, ambos do partido do governador, o PMDB, de serem seus autores.

Requião ficou sabendo do caso porque a mulher que, segundo a Procuradoria-Regional da República era usada de "laranja" para um esquema de desvio de dinheiro, trabalhava para sua família. Elza Chrispin, hoje aposentada, era empregada doméstica dos pais do governador e, segundo o Ministério Público Federal, "funcionária fantasma" da Assembléia Legislativa.

Como desconhecia o esquema, ao receber o aviso da Receita Federal sobre a restituição, Elza foi procurar Requião para saber o que estava acontecendo. Requião foi ao Senado e pediu a investigação. "Isso demonstra a grande anarquia da Receita Federal brasileira e pressupõe que alguém esteja recebendo algum salário, em alguma repartição pública, em nome dessa senhora, que nunca viu o recurso", afirmou o então senador. O discurso pode ser encontrado na página de internet do Senado, em www.senado. gov.br/sf/atividade/pronuncia mento/detTexto.asp?t=317001.

De acordo com o Ministério Público Federal, que investigou o caso junto a promotores estaduais e com a Polícia Federal, o esquema funcionava dentro do gabinete da bancada do PMDB na Assembléia. Elza Chrispin, além de empregada dos pais de Requião, era registrada como funcionária do gabinete. Segundo os procuradores regionais da República Paulo Girelli e Jorge Gasparini, ela ignorava a operação. "Ela não sabia de nada. É uma pessoa simples, empregada doméstica e não recebeu nenhum dinheiro", disse o procurador Paulo Girelli.

Elza foi envolvida no esquema, segundo o Ministério Público, por sua filha Rosângela Chrispim Calixto, jornalista da Assembléia na época. Rosângela é uma das cinco pessoas acusadas de formação de quadrilha para desvio de dinheiro público.

A denúncia, que agora foi levada à Justiça, diz que o deputado Nereu Moura pagaria a seus funcionários apenas parte do salário com que eles eram registrados. O restante do dinheiro era devolvido pelos ocupantes dos cargos em comissão. Além de Moura e Romanelli, que na época era suplente de deputado, são denunciados como participantes do esquema três funcionários do gabinete: Paulo Gomes Júnior, chefe de gabinete da bancada do PMDB na época; Tani Lemos do Prado Colaço, esposa do ex-deputado Antônio Toti Colaço Vaz (PMDB), e Rosângela, filha de Elza Chrispin.

Segundo a assessoria do governo do estado, todos os funcionários que ainda têm ligação com o governo serão exonerados caso os fatos levantados pelo Ministério Público se confirmem. Atualmente, a única das cinco pessoas citadas que não tem nenhuma relação com o governo do estado é Tani Colaço. Rosângela Calixto é produtora na Paraná Educativa. Paulo Gomes Júnior é subgerente da Cohapar em Paranavaí. Nereu Moura e Romanelli são ambos candidatos a deputado estadual pelo PMDB, partido do governo.

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