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Documentos obtidos pela reportagem do "Fantástico" mostram irregularidades em materiais utilizados na construção dos túneis da linha 4 do Metrô, especialmente com o concreto. Os laudos técnicos foram elaborados pela JBA Engenharia e Consultoria sob encomenda do Metrô para auditar o trabalho do Consórcio Via Amarela, responsável pelas obras. Os laudos, emitidos entre maio e dezembro de 2006, comprovam que o Consórcio não realizou os exames necessários para atestar a qualidade do concreto, usou material fora de especificação e demorou a dar respostas exigidas pelo Metrô.

Os laudos apontam a necessidade de o Metrô cobrar providências do Consórcio para os reparos necessários. Segundo a própria cronologia dos laudos, o Metrô reitera os pedidos, mas não consegue uma resposta satisfatória. O primeiro relatório, feito em maio, trata das pedras e da areia usado no concreto. Ele diz que os materiais estão fora dos padrões exigidos. Segundo o engenheiro Leonidas Alvarez Neto, que assina o laudo, o problema pode expor o concreto à umidade e diminuir sua durabilidade. No mês seguinte, a empresa de consultoria volta ao assunto.

No relatório de julho, a JBA afirma que os testes de durabilidade e de resistência do concreto não atendem às exigências do Metrô. Em agosto, o engenheiro da JBA afirma que tem ocorrido demora para resolver os problemas de baixa durabilidade do material. Em setembro, a consultoria contratada pelo Metrô volta a pedir providências e pede testes mais freqüentes, além de ressaltar a importância dos testes de areia e pedra - os agregados utilizados na produção do concreto.

Em outubro, o Consórcio responde o relatório de maio, afirmando que os testes de areia e pedra foram feitos. Em novembro, responde questões enviadas em julho: informa que, se for preciso, fará os testes de concreto recomendados pela consultoria. Em dezembro, a JBA alerta pela última vez: diante da baixa resistência do concreto em algumas amostras, a correção deveria ser imediata porque a demora significa risco.

O engenheiro Alvarez Neto confirmou a autenticidade dos laudos, mas alegou motivos éticos para não conceder entrevistas. Procurado pela reportagem, o Metrô afirma que "durante a execução de toda a obra da Linha 4 (Amarela), desde 2004, foram apontadas 196 não-conformidades. Dessas, 161 já foram regularizadas e 35 estão processo de regularização". A companhia ressalta que "nas obras da futura Estação Pinheiros não foi apontada nenhuma não-conformidade, nenhuma ficha de irregularidade no quesito qualidade da obra".

Em nota, o Consórcio Via Amarela reafirmou que faz o acompanhamento permanente da qualidade dos materiais utilizados nas obras do Metrô. "Como em qualquer outra construção, podem surgir situações pontuais que não atendam às especificações técnicas. Essas situações são corrigidas imediatamente", afirma o texto.

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