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Paulo Roberto Costa: Palocci pediu R$ 2 milhões para a campanha presidencial de Dilma em 2010. | Ueslei Marcelino/Reuters
Paulo Roberto Costa: Palocci pediu R$ 2 milhões para a campanha presidencial de Dilma em 2010.| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Em seu quarto depoimento em comissões parlamentares para explicar o esquema de corrupção na Petrobras, o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa disse nesta terça-feira (5) que os malfeitos identificados pela Operação Lava Jato representam “apenas 10% do rombo” total da empresa. Segundo ele, a política de defasagem de preços de derivados de petróleo foi o principal fator de prejuízo da empresa.

“O governo manteve os preços congelados e arrebentou com a empresa”, afirmou no depoimento de mais de quatro horas. “O maior problema é a gestão que fazem na companhia, a gestão política. Lava Jato é 10% do rombo da Petrobras.” O depoimento não havia terminado até a noite desta terça-feira.

Paulo Roberto disse ter solicitado algumas vezes ao então presidente do Conselho de Administração da Petrobras, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, o aumento dos preços dos combustíveis. “A resposta negativa vinha do presidente do Conselho”, afirmou.

O ex-diretor, que fez delação premiada e cumpre prisão domiciliar, disse aos deputados que o esquema de corrupção da Petrobras se deve a “maus políticos” e que doações oficiais de campanhas também são fruto de propina.

“Isso aconteceu por atitude de maus políticos. A gênese foi aqui em Brasília. A origem não foi na Petrobras. A origem veio aqui de Brasília”, afirmou Costa. “Não existe doação [eleitoral] de empresas que depois essas empresas não queiram recuperar o que foi doado. Se ele doa R$ 5 milhões, ele vai querer recuperar na frente R$ 20 milhões”, disse o ex-diretor. “Os valores, sejam valores de doações oficiais ou não, têm restrições. Algumas empresas me falaram isso e agora, nas delações, isso está ficando claro. Não existe almoço de graça.”

Costa é acusado de intermediar negócios entre a Petrobras e empreiteiras, recolhendo propinas e distribuindo o dinheiro a partidos políticos.

Dizendo-se arrependido, Paulo Roberto Costa citou uma série de políticos do PT, PSDB, PP e PMDB. Mencionou os já falecidos ex-governador Eduardo Campos (PSB-PE), ex-senador tucano Sérgio Guerra e ex-deputado José Janene (PP-PR). O ex-diretor reafirmou aos parlamentares ter recebido do ex-ministro Antonio Palocci pedido de contribuição de R$ 2 milhões para a campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2010.

Contratos

Sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, Costa evitou imputar culpa diretamente à presidente Dilma Rousseff, que na época presidia o Conselho de Administração da Petrobras. “A responsabilidade [pelo negócio, que deu prejuízo de US$ 792 milhões ] não é só da presidente do Conselho, é de todos os conselheiros.”

A versão é diferente da apresentada ao Tribunal de Contas da União (TCU). O documento entregue pelos advogados do ex-executivo lembrou que coube à então chefe da Casa Civil do governo Lula e presidente do Conselho de Administração da estatal assinar, em 2006, a aquisição da planta de refino. “É claro e evidente que a decisão de compra dos 50% da PRSI [Refinaria de Pasadena, na sigla em inglês] foi tomada pelo Conselho de Administração de 2006, da Petrobras, assinada pela então presidente do conselho, Dilma Vana Rousseff”, afirma a defesa.

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