• Carregando...
Othon de Moraes Filho (de muleta), diretor da Queiroz Galvão, é preso pela Polícia Federal | Márcia Foletto/Agência O Globo
Othon de Moraes Filho (de muleta), diretor da Queiroz Galvão, é preso pela Polícia Federal| Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo

A nova etapa da Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF), deflagrada na sexta-feira, é uma mudança de rota nas investigações sobre corrupção que vêm sendo feitas no país. A nova fase da operação, desta vez, se concentrou sobretudo nas empresas privadas que, segundo a PF, teriam organizado um cartel para participar das licitações de obras da Petrobras. Dos 27 mandados de prisão expedidos, 23 eram contra diretores e funcionários de empreiteiras.

A investigação atingiu algumas das mais poderosas empresas de construção do Brasil, com mandados de busca e apreensão nas sedes da Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Mendes Júnior e Odebrecht, entre outras. De acordo com a PF, juntas essas empresas teriam contratos no valor de R$ 59 bilhões com a estatal de petróleo.

Para cientistas políticos, esse novo foco é necessário ao combate à corrupção. "Essa é uma mudança que tinha que ocorrer. As empresas até podem alegar que não conseguem fazer contratos com o poder público sem esse tipo de artifício. Mas o fato é que quando elas tomam a decisão de pagar propina ou de cartelizar, estão deliberadamente cometendo um crime", afirma Elve Cenci, cientista político da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Para Cenci, as investigações sobre corrupção vinham se centrando principalmente nos agentes políticos e nos articuladores de esquemas ilegais. "Para a empresa privada que participa do esquema, muitas vezes o pior que acontecia era o fato de as notícias sobre o caso chamuscarem sua imagem. Mas em geral não se viam punições a executivos dessas empresas", diz.

Segundo Marco Antônio Carvalho Teixeira, professor de ciência política na Fundação Getulio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro, a mudança de foco representa um ganho para o país. "Um caso de corrupção sempre envolve pelo menos duas partes, mas só vínhamos enxergando a corrupção no setor público", diz ele.

Teixeira lamenta, no entanto, que o Congresso ainda não tenha regulamentado a Lei Anticorrupção aprovada em 2013 e que prevê penas mais duras para empresas envolvidas em desvio de dinheiro público. "Quando cessaram as manifestações [de junho do ano passado], o interesse dos parlamentares no tema refluiu. É uma pena."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]