
O ex-diretor da área internacional da Petrobras Jorge Zelada foi preso nesta quinta-feira (2) durante a deflagração da 15.ª fase da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. De acordo com o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Carlos Fernando Lima, a prisão de Zelada fecha a “camarilha dos quatro” da Petrobras – núcleo de corrupção formado pelos ex-diretores da estatal Paulo Roberto Costa, Renato Duque, Nestor Cerveró e Zelada.
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“Depois de um ano e meio de investigações, creio que nós não temos indicativos de maiores desvios em outras diretorias sob responsabilidade de outros diretores”, disse o procurador. “Não posso dizer que não vá surgir porque eu me surpreendo a cada dia com o nível de prova que conseguimos, mas acho que o núcleo básico, que chamamos de camarilha dos quatro, já está bem delineado”, afirmou.
Apesar de dar por encerradas as investigações nas diretorias da Petrobras, Lima disse que outros crimes ainda podem ser investigados na estatal. “Temos outros crimes acontecendo que não foram perfeitamente investigados.”
Movimentações
A 15.ª fase foi intitulada Conexão Mônaco, em referência a operações financeiras de Zelada no principado de Mônaco. Segundo o procurador do MPF Carlos Fernando Lima, Zelada realizou diversas transferências no exterior em maio e dezembro de 2014. O ex-diretor mantinha 11 milhões de euros em uma conta em Mônaco e US$ 1 milhão em outra na China. “Quanto a esses valores, não temos dúvidas que são originários de corrupção”, disse Lima. “Isso é um dos motivos pelos quais foi expedido a prisão, porque não só indica a continuidade do crime de lavagem de dinheiro como uma tentativa de proteção desses valores para [evitar] que a Justiça alcance”.
De acordo com o despacho que determinou a prisão preventiva de Zelada, há indícios de recebimento de propina no período em que ele foi gerente da área de Serviços da estatal e também no período em que sucedeu o Nestor Cerveró na Diretoria Internacional da Petrobras, entre 2008 e 2012.
O juiz federal Sergio Moro apontou ainda como motivos para a prisão uma série de irregularidades encontradas na contratação do aluguel de dois navios sonda pela Petrobras em 2008 e 2009. Entre as irregularidades, Moro cita superfaturamento; necessidade de contratação baseada em premissas otimistas, sem o embasamento em dados geológicos ou negócios firmes; falta de pesquisa no mercado de negócios com melhores condições para a Petrobras; assinatura dos contratos antes da autorização da Diretoria Executiva; taxa de bônus de performance de 17% em favor da contratada, superior à praxe de mercado de 10%; e extensão do prazo para a apresentação de um dos navios-sonda, com um ano de atraso, com aditivo sem aplicação de qualquer penalidade.
A prisão de Zelada foi decidida com base nas contas secretas que ele mantém no exterior e com base na delação premiada do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, que relatou o recebimento de propina pelo ex-diretor internacional. Relatórios internos da Petrobras também indicam irregularidades na gestão de Zelada.
Prisão
Zelada foi preso no Rio de Janeiro e chegou à Superintendência da PF em Curitibana tarde desta quinta-feira (2). Logo depois, fez exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) da capital paranaense.



