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De olho nos palanques e nas alianças que darão combustível para a eleição de 2010, os maiores partidos do País vão aproveitar 2009 para definir os nomes que vão liderar as negociações. Nos próximos meses, PT, PSDB, PMDB e DEM vão colocar ordem na própria casa e, em alguns casos, até reorganizar as direções partidárias tendo em vista a disputa eleitoral.

O PT agendou para novembro a sua eleição interna. Embora esteja impedido pelo estatuto de disputar um novo mandato, o atual presidente, deputado Ricardo Berzoini (SP), terá papel fundamental ao pavimentar o caminho para que sejam fechadas alianças e formatado o esboço do programa de governo.

O sucessor de Berzoini terá uma tarefa árdua: apaziguar as correntes da sigla, a fim de impedir que conflitos internos atrapalhem a corrida eleitoral. Atualmente, o único que agrega tais características é o chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, que tem tratado de arrefecer os ânimos do partido e colocar água fria na sua indicação. Ele toparia entrar na disputa apenas para cumprir uma missão partidária.

O presidente prefere que Carvalho fique onde está, principalmente por causa do empenho do Palácio do Planalto em consolidar a pré-candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Apesar da característica conciliadora de Carvalho, Lula já confidenciou a aliados que ele não tem o perfil ideal para ser o presidente do PT - posto que exige, por exemplo, boa dose de combatividade.

Grupos como Mensagem ao Partido, liderado pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, assim como correntes ligadas ao PT paulista, têm dito que abrem mão de lançar nome se o braço direito de Lula concorrer. Isso deixa de ser verdadeiro, caso outro caminho seja seguido pelo grupo Construindo um Novo Brasil, representado por nomes como o ex-ministro José Dirceu, Berzoini e o próprio Lula.

Sem Carvalho, a alternativa seria arriscar um nome como o do assessor de Lula para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, que saiu desgastado de sua temporada à frente do partido em 2006, logo após o episódio da tentativa de compra de um dossiê para prejudicar tucanos. Outra opção seria o secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci. Evitando antecipar a discussão sobre candidaturas, Berzoini desconversa: "Não vamos discutir nomes neste momento, mas sim os desafios para 2010."

No PMDB, o mandato do atual presidente da sigla, deputado Michel Temer (SP), termina em março de 2009. Mas o comando partidário poderá entrar em discussão após a eleição para a presidência da Câmara, em fevereiro. Se vencer, Temer não descarta a possibilidade de abrir mão da condução do partido. "A função de presidente da Câmara absorve demais quem a exerce. Mas ainda não parei para avaliar esse cenário. Acho que, por enquanto, é aguardar."

A definição sobre quem ficará no comando do PMDB é fundamental. O partido é o mais cobiçado pelas legendas que têm a intenção de disputar o comando do Planalto, em razão dos palanques e, principalmente, do tempo na TV.

Experiência

Já nos dois principais partidos de oposição, o PSDB e o DEM, a tendência hoje é de que sejam mantidos no cargo os atuais presidentes das legendas. Os tucanos estão satisfeitos com a condução de Sérgio Guerra (PE). O senador saiu-se especialmente bem durante as eleições municipais de 2008.

Político experiente e discreto, Guerra é visto como um conciliador. E com um detalhe importantíssimo: consegue circular bem tanto entre tucanos ligados a Aécio Neves (MG) como entre os próximos de José Serra (SP). Característica indispensável para conduzir um processo de escolha interno que já foi traumático para o partido no passado recente - leia-se eleições de 2002 e 2006.

A aliados, Guerra disse, no entanto, que ainda não sabe se quer continuar no cargo no ano que vem. Em 2010, vence o seu mandato no Senado e ele tem intenção de disputar novamente a cadeira por Pernambuco.

Como a liderança de um partido em época de eleição presidencial demanda dedicação praticamente exclusiva, Guerra ainda analisa como poderia conciliar o projeto pessoal com o partidário.

No caso do DEM, o cargo de presidente é válido por três anos. Deveria, portanto, haver nova indicação para o posto em março de 2010, em pleno turbilhão eleitoral, já que o atual presidente, Rodrigo Maia, assumiu o posto em março de 2007. A atuação dele não é consensual dentro do partido. Há críticas principalmente por parte dos senadores, que consideram Maia muito jovem e pouco experiente para a função anteriormente ocupada por Jorge Bornhausen (SC).

Como o estatuto do partido prevê a extensão do mandato por mais um ano, é provável que Maia fique no cargo até 2011 para comandar o processo eleitoral, especialmente porque não há até o momento nenhum outro nome que poderia ou teria interesse em disputar o cargo.

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