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Vejam, pela relação de amizade que eu tenho com o Aécio, desde o tempo da Constituinte, que permite que a gente possa dizer que, muito mais que uma relação institucional entre Presidente e Governador, nós temos uma relação de jogador de futebol, em que meu time sempre ganhava do dele - o máximo que eles conseguiam era empatar -, eu pedi para o Aécio ficar aqui, para dizer algumas coisas antes do meu discurso. Eu quero dizer algumas coisas.

Olhem, eu quero dizer para vocês que eu me sinto desconfortável. Eu tive três experiências essa semana, e somente a uma pessoa que eu tenha relação de intimidade, como o Aécio, é que eu posso falar e pedir para ficar aqui, para dizer o que eu vou dizer.

Eu estava em Pernambuco, esses dias, inaugurando uma universidade, que não é pouca coisa para uma cidade do Nordeste brasileiro. Estava lá o Governador, que era parceiro na construção daquela obra, e dezenas de milhares de companheiros, porque tinha muita gente. Praticamente não permitiram que o Governador fizesse uso da palavra, porque tinham incompatibilidade com o Governador por conta da eleição municipal.

Eu fui, na semana passada, a Fortaleza, a Quixadá, também com o Governador, parceiro do PSDB, mas o Lúcio Alcântara é um parceiro em momentos difíceis. E tinha lá mais de 15 mil pessoas e também se criou problema para o Governador falar.

Obviamente que é muito desagradável o Presidente da República estar numa inauguração, porque se eu estivesse numa campanha política, aí se explicaria, ou se eu estivesse torcendo para o Cruzeiro e o Aécio para o Atlético, ou vice-versa, valeria. Mas nós estamos aqui inaugurando uma obra para uma cidade que amanhã completa 117 anos e que é uma cidade que teve um crescimento extraordinário. E, sem dúvida nenhuma, qualquer mineiro de outra cidade sente um pouquinho de inveja do que significa Uberlândia para Minas, para o Brasil. E eu diria que significa, não do ponto de vista do desenvolvimento, mas do ponto de vista cultural, o que essa cidade significa para o nosso país e para essa região aqui.

Então, eu queria... porque ninguém aqui precisa deixar de ser PT, PSDB, de partido nenhum. A gente pode continuar sendo o que a gente quiser ser, a gente pode continuar com as nossas convicções, acreditando no que quisermos acreditar. Mas eu gostaria - e estou aproveitando o Aécio aqui - que, toda vez que eu estivesse numa inauguração oficial, a gente levasse em conta que o respeito às pessoas é condição básica para que a gente possa...

Eu, por exemplo, apoiei um candidato a prefeito, no segundo turno, contra o atual Prefeito. Gravei programa de televisão e gravei programa apoiando o nosso candidato a prefeito. Obviamente que eu queria que ele ganhasse as eleições e ele não ganhou, ganhou o Odelmo. Então, nos próximos quatro anos, o prefeito de Uberlândia é o Odelmo, e nós temos que conviver democraticamente com isso, fazendo oposição ou não. Mas, se nós não respeitarmos o resultado das coisas democráticas que nós criamos neste país, tudo o mais ficará muito difícil.

Então, eu só queria chamar a atenção por isso. Eu não quero que ninguém goste mais de mim ou goste mais do Aécio, ou vice-versa. O que eu quero é que a gente saiba que nós estamos inaugurando o futuro de Uberlândia ainda mais promissor com esse aeroporto, que será administrado, logo, logo, pela prefeitura e pelo governo do estado.

Meu querido companheiro Aécio Neves,Meu querido companheiro Saraiva Felipe,Meu querido companheiro Hélio Costa,Meu querido companheiro Walfrido Mares Guia,Meu querido companheiro Luiz Dulci,Meu querido companheiro Carlos Wilson,Meu caro senador Wellington Salgado,Senhores deputados federais Gilmar Machado, Isaías Silvestre, Aracely de Paula e Vadinho Baião,Senhor prefeito Odelmo Leão,Dom José Alberto Moura, bispo da diocese de Urberlândia,Senhores deputados estaduais Weliton Prado, Luiz Humberto Carneiro, Marlos Fernandes e Ricardo Fernandes - aqui tem irmão na parada,Senhores prefeitos e prefeitas,Dr. Hugo Bitencourt de Freitas, de Monte Alegre, de Minas Gerais,Luiz Roberto Santos Villela, Prata, Minas Gerais,Edilamar Novais Borges, Tupaciguara,José do Carmo Martins Borges, Rio do Peixe,Dr. Antônio Celso Andrade Domingos, Santa Vitória,Joélio Coelho Pereira, prefeito de Centralina,Carlos Antônio Davi, Douradoquara,Samuel Falheiros Cardoso, Monte Carmelo,Diógenes Alberto Borges, Carmópolis,Renes José Borges Pereiras, IndianópolisMaria Cecília Severino de Freitas, Gurinhatã,Dr. Marcos Antônio Alvin, Araguari,Senhores vereadores,Companheiros dos partidos políticos, aqui presentes,Os sem-terras,Companheiros empresários,Companheiros de todos os lugares,

Quem viaja de avião por esse Brasil afora certamente já se deu conta do grande plano de obras que o nosso governo - por meio da nossa querida Infraero - vem realizando para modernizar a infra-estrutura aeroportuária brasileira.

De 2003 para cá, obras de ampliação e melhorias já foram inauguradas em todo o país: Campina Grande, Paraíba, Campinas, São Paulo, Brasília, Petrolina, Rio de Janeiro, Joinville, Navegantes, Recife e Manaus.

Doze outras reformas encontram-se em andamento. Estão sendo modernizados os aeroportos de Maceió, de João Pessoa, de Cuiabá, de Goiânia, de Vitória, de Macapá, o aeroporto Santos-Dumont, no Rio de Janeiro, e o de Congonhas, em São Paulo, dentre outros.

Recentemente, liberamos recursos de cerca de R$ 350 milhões de reais para garantir a continuidade dessas obras. Como vocês sabem, esses recursos são da própria Infraero e com isso o Plano de Obras está gerando 50 mil novos empregos.

Esses recursos federais, no entanto, não se destinam apenas à modernização dos terminais de passageiros. Estamos também investindo na infra-estrutura dos terminais de carga, é por eles que passam boa parte das importações e das exportações brasileiras.

Em 2004, os 32 terminais de carga em todo o Brasil registraram movimentação recorde: quase 600 mil toneladas de mercadorias importadas e exportadas. Para 2005, a previsão é de que sejam movimentadas 690 mil toneladas.

Minhas amigas e meus amigos,Todos nós sabemos da enorme importância que o Triângulo Mineiro tem na economia do estado de Minas Gerais e do Brasil. A capacidade instalada do terminal de passageiros do Aeroporto de Uberlândia já estava ultrapassada há muito tempo. Sua ampliação era não só uma necessidade como também uma demanda mais do que justa dos mais variados setores sociais. Agora o aeroporto passa a ter todas as condições para atender à cidade e à região. Na obra, iniciada em fevereiro de 2004, foram investidos R$ 9 milhões e 300 mil reais.

A capacidade de atendimento de passageiros praticamente triplicou. Passou de 175 mil para 550 mil passageiros por ano. E a área total do aeroporto aumentou em quase quatro vezes. A região e o aeroporto, no entanto, continuarão a crescer.

Antecipando o aumento da demanda, que em 2010 deve alcançar um milhão e 300 mil passageiros por ano, o nosso governo, por meio da Infraero, o Governo de Minas Gerais e a Prefeitura de Uberlândia vão assinar brevemente um Convênio para a construção de um novo terminal de passageiros no Aeroporto de Uberlândia.

Companheiros e companheiras,

Nosso governo vai continuar se empenhando ao máximo para vencer os desafios que se colocam à nossa frente. Não tenho dúvidas de que eles serão superados, como temos feito, em especial com relação à nossa infra-estrutura aeroportuária. As realizações da Infraero por todo o país são uma prova de que estamos avançando no rumo certo, construindo a base física indispensável ao desenvolvimento sustentado e de longo prazo. E, mais importante ainda, no caminho da justiça social.

Por isso eu quero dar os parabéns à cidade de Uberlândia, quero dar parabéns a Minas Gerais, quero dar parabéns ao povo desta região, ao Prefeito e ao Governador e, certamente, aos ministros, quase todos mineiros, que, certamente, pararão aqui muito tempo. Eu não sei se, em algum outro momento, Minas Gerais teve tantos ministros aqui, mineiros. E ainda falta o Vice-Presidente, e ainda falta o ministro Patrus Ananias, que é para mostrar a gama de mineiros que galgou o poder no meu governo.

Mas quero dizer mais uma coisa. Não vou sair daqui sem falar da crise, até porque vocês poderão estar perguntando: "peraí, mas tem uma crise, o Presidente vem aqui e não fala nada?" E eu quero dizer para vocês que a crise é extremamente grave. E quero dizer para vocês, e disse na quinta-feira em um discurso que fiz no Conselho de Desenvolvimento Social e Econômico, que em horas de crise como esta nós temos duas coisas a fazer.

Primeiro, é ter muita paciência para não tomar nenhuma decisão precipitada, não se deixar levar pelo estado emocional, mas sim pela razão, nos momentos adequados. E, segundo, utilizar os instrumentos que o Estado tem para fazer todas as investigações que têm que ser feitas. E nós temos muitos instrumentos. Nós temos a Controladoria-Geral da República, que entregou ontem todo o seu relatório à CPI.

Nós temos a Polícia Federal, que está investigando, e todo mundo sabe da competência e da seriedade com que a Polícia Federal trabalha. E, nesses três anos, ela já conseguiu desvendar quadrilhas mais do que nos últimos vinte anos neste país. E nós ainda temos o Ministério Público que, depois que receber o relatório da CPI, vai poder ajuizar os processos, e aí vamos ter que aguardar pacientemente o comportamento do Poder Judiciário, que é livre e autônomo em relação aos outros Poderes. E temos uma CPI, que está investigando. Muita gente já foi ouvida e muita gente vai ser ouvida. Mas, no Brasil, tem muita gente séria, e tem pessoas que também não agem com seriedade. Tem alguns que acusam antes de ter provas, tem outros que absolvem antes de ter provas. Nenhum dos dois vale para um comportamento sério, seja de qualquer órgão ou qualquer instância da República Federativa do Brasil.

Eu, na sexta-feira, me espelhei em um mineiro, um mineiro que, possivelmente, tenha sido mais acusado do que eu. Os mais velhos se lembram do que os que hoje me atacam faziam com Juscelino. Juscelino, várias vezes, apareceu nas primeiras páginas dos jornais deste país como ladrão. Tentaram cassá-lo duas vezes, tentaram dar golpe de Estado, tentaram matá-lo, inclusive. E Juscelino nunca perdeu a paciência. Passados alguns anos, ele perdeu as eleições, ganhou o Jânio Quadros que, pouco tempo depois, renunciou, denunciando forças ocultas. Depois veio João Goulart, que foi cassado. E eu não falei ainda do Getúlio que, por acusações não provadas, foi levado à morte.

Eu digo isso porque, nesse momento, a paciência é a única coisa que permite que tenhamos esperança de ver este país fazer justiça. Obviamente que os adversários políticos podem fazer as ilações que quiserem. Os inimigos podem fazer o que quiserem. O Aécio sabe, o Prefeito sabe, e eu sei que quem está no posto de comando não pode falar o que quer. Nós temos que contar até dez cada vez que temos que falar alguma coisa, para não causarmos nenhuma injustiça, para não causarmos nenhum transtorno.

Entretanto, eu estou pedindo a Deus que essa CPI, ao terminar o seu trabalho, apresente quem são os culpados, que a justiça julgue os culpados, e quem cometeu erro, quem cometeu qualquer crime contra o patrimônio público seja duramente punido.

Agora, eu disse que, no Brasil, nós precisamos criar também um instrumento de pedido de desculpas, daqueles que, levianamente, acusam os outros e depois não têm coragem de dizer que acusaram de forma leviana, pessoas que são crucificadas. O Aécio conviveu comigo na Constituinte, quando um deputado foi crucificado pela questão das bicicletas, o Alceni Guerra. Demorou anos para aquele cidadão ser inocentado. Nós tivemos, em São Paulo, uma escola de base, em que o dono foi execrado, foi destruída a escola e a família e, depois de alguns anos, não tinha absolutamente nada contra ele. Mas a família já estava destruída.

Neste país, nós precisamos agir com maior seriedade, porque quando alguém tenta fazer de um processo de investigação, campanha política, ou tenta fazer de um processo de investigação, cena para a televisão, essa pessoa não está contribuindo seriamente para a apuração. E eu, com a mesma justeza que quero ver quem cometeu erros ser punido, eu espero que eu e vocês, um dia, vejamos também aqueles que são inocentes e que foram acusados de forma leviana, que apareça alguém que peça desculpas, que se escreva que ele não tinha aquilo que disseram que tinha, porque normalmente a palavra "desculpa" não existe para qualquer um. É preciso que se tenha grandeza para pedir desculpas neste país. E eu acho que o Brasil não merece, o povo brasileiro, sobretudo, pela sua grandeza, pela expectativa que ele tem, não poderia estar passando o que está passando.

Nós vamos aguardar o resultado. Tentaram, primeiro, dizer que nós não sabíamos governar, depois tentaram dizer que a máquina do governo estava inchada, depois tentaram dizer que a nossa política era igual à deles. O resultado concreto é que nós estamos há três anos no governo, a média de 8 anos era de 8 mil empregos por mês, a nossa média, em 32 meses, é de 104 mil empregos por mês. Dizia-se, naquela época, que era incompatível uma política de exportação com o crescimento do mercado interno, e o Brasil, a cada mês, bate recorde de exportação.

Vamos chegar a 110 bilhões e chegaremos, no ano que vem, a 120 bilhões, fazendo o mercado interno crescer, porque as políticas sociais estão cada vez maiores. Somente aqui, no estado de Minas Gerais, entre todas as políticas sociais, são praticamente 1 bilhão e 600 milhões de transferência de renda, e isso no Brasil inteiro. Depois as pesquisas começaram a dizer: "o Lula é imbatível, o Lula é imbatível". Então resolveram me atacar no que nunca deveriam ter me atacado, porque quem me conhece, sabe como eu sou. Começaram a mexer na questão ética para ver se colocava desconfiança na sociedade.

Pois bem, do mesmo jeito que eu agia quando dizia que era imbatível, eu reajo agora, com a tranqüilidade de que a gente tem que tomar as decisões no momento certo, na hora certa, porque nós não fomos eleitos para ficar com raiva de quem não gosta de nós. Nós não fomos eleitos para ficar com raiva de quem nos acusa, nós não fomos eleitos para governar para quem gosta de nós. Nós fomos eleitos para governar para 186 milhões de brasileiros, para quem gosta ou para quem não gosta.

E eu digo sempre, eu só quero, no dia 31 de dezembro de 2006, eu quero fazer um balanço dos meus quatro anos de governo, com o que aconteceu no Brasil nesses últimos 20 anos. E aí, podem me julgar, porque aí eu tive uma obra concretizada, e eu quero provar quem é que fez mais política social neste país, eu quero ver quem cuidou dos pobres mais do que nós cuidamos neste país, eu quero ver quem se preocupou em fazer com que o pobre adquirisse a cidadania. Por isso, a minha tranqüilidade em pedir ao povo brasileiro, toda vez que vocês virem uma notícia muito escandalosa, analisem-na, leiam duas vezes, vejam se tem verdade ali, porque eu já cansei de ver, no Brasil, denúncias e mais denúncias, achincalhamento ao nome de pessoas e, depois, não se prova nada e não acontece nada com quem acusou, não acontece nada com quem difamou e, muitas vezes, não acontece nada também com quem tinha acusações verdadeiras.

Portanto, o que eu quero e, certamente, o que vocês querem é que neste país a impunidade termine de uma vez por todas, que a justiça prevaleça e que o Brasil possa continuar crescendo e se desenvolvendo.

Muito obrigado, povo de Uberlândia, e até outro dia, se Deus quiser.

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