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Marina teria aceitado ser candidata a vice na chapa de Eduardo Campos (à direita) em 2014 | José Cruz/ABr
Marina teria aceitado ser candidata a vice na chapa de Eduardo Campos (à direita) em 2014| Foto: José Cruz/ABr

Divergências

Campos admite diferenças, mas fala em aliança "programática"

Menos de 48 horas após o anúncio da filiação da ex-senadora Marina Silva ao PSB, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que preside o partido, disse que se trata de uma "aliança programática", mas reconheceu a existência de divergências entre as duas legendas.

"Nós fizemos uma aliança programática, e nós reconhecemos as diferenças que temos. Tanto é que somos dois partidos. Um com 60 anos e um com um ano, recém-criado [Rede, que não obteve registro no Tribunal Superior Eleitoral]. Vamos aprender um com o outro. Para o PSB, é muito importante essa convivência com a Rede", afirmou.

Campos procurou minizar as divergências, como as posições sobre o casamento gay e o aborto. "Nós não queremos anular as nossas diferenças. Queremos reforçar a nossa identidade, que é construir a nova política. Nós e a Rede entendemos que só há um caminho para fazer essa mudança de verdade: é enterrar a velha política", disse o governador, durante vistoria das obras do Hospital do Câncer, na manhã de hoje no Recife.

O presidenciável lembrou que ele e Marina foram ministros na primeira administração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Somos daqueles que acreditam que o que une as pessoas não são nomes. A força transformadora de unir corações e mentes é a força das ideias. Quanto mais essas ideias preservarem as conquistas que já tivemos no passado, e quanto mais inovadoras essas ideias forem, elas vão ter a capacidade de construir uma plataforma", disse Campos.

  • Para Alvaro Dias, mais candidaturas seriam o ideal

O senador Rodrigo Rollem­­­berg (DF), líder do PSB na Casa, disse ontem que a candidatura do governador Eduardo Campos (PSB-PE) à Presidência da República é "irreversível" mesmo com a filiação da ex-senadora Marina Silva à sigla. Rollemberg disse que Marina está "aberta" a ser vice na chapa de Campos, sem a chance de pleitear a candidatura ao Palácio do Planalto.

"Isso não vai acontecer [Marina ser candidata à Presidência]. O governo vai ficar alimentando isso na mídia, de quem será candidato, mas temos essa certeza porque fizemos um entendimento com a Marina. Vamos avaliar qual será o seu melhor papel, não temos uma chapa fechada. Mas ela está aberta a ser vice", afirmou.

Rollemberg foi um dos negociadores da ida de Marina para o PSB. O senador participou do encontro, na noite de sexta-feira, que selou a decisão da ex-senadora de escolher o partido. Segundo o congressista, partiu da própria Marina a decisão de se filiar ao PSB — o que inicialmente deixou Campos "surpreso".

Marina aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto e Campos está em quarto.

Para Rollemberg, a ida de Marina cria um "fator político" maior que a soma das intenções de votos na ex-senadora com as do governador de Pernambuco. "Tem um efeito político muito maior do que a soma, é algo não aritmético. O movimento político tem um efeito muito grande."

O líder disse que a disposição no PSB é de se "abrir" para a ideias da Rede, partido idealizado por Marina que foi barrado após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) considerar que não havia assinaturas necessárias para a sua formação. Marina tentou criar a sigla para se lançar candidata, mas migrou para o PSB após a decisão da Justiça Eleitoral.

Segundo Rollemberg, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) também telefonou ao governador de Pernambuco sugerindo a aliança com a ex-senadora. Os resultados da aliança, segundo o senador, vão ampliar as candidaturas do PSB no estados. "Eu acho que a união Rede-PSB amplia as candidaturas no Brasil. É uma aliança que foi bem recebida pela população."

O acerto com Campos surpreendeu até aliados próximos, pois ela conta com 26% das intenções de voto, à frente do governador. "Essa possibilidade [candidata à Presidência] foi sepultada pelo TSE ao negar o registro da Rede. Por isso, a coligação com o PSB não poderia ter sido construída em base da candidatura de Marina Silva", disse Pedro Ivo, dirigente da Rede.

Hospitalizada

Marina Silva foi hospitalizada na madrugada de ontem, em Brasília após uma crise de alergia respiratória. Ela foi medicada e liberada poucas horas depois. Marina gosta de sopa de aspargos e, ao preparar em casa o prato na noite de domingo, não observou que havia na pia restos de chocolate, alimento ao qual é alérgica. A ex-ministra foi levada então ao pronto-socorro.

Consequências da filiação dividem lideranças do PSDB

A filiação da ex-senadora Marina Silva ao PSB vem dividindo as opiniões das lidenças do PSB. No sábado, o senador Aécio Neves (MG), principal pré-candidato do partido à Presidência da República em 2014, emitiu nota para dizer que a filiação de Marina havia sido uma "importante conquista do Brasil democrático" e uma "resposta às ações autoritárias do PT".

Ontem, o senador paranaense Alvaro Dias avaliou que a união de Marina com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, acendeu um sinal de alerta na possível candidatura de Aécio. Para Dias, a chapa Marina-Campos "enfraquece" o debate político e a oposição. "Mais candidaturas alternativas seriam o desejado. É um achado para o situacionismo. O PSDB tem que mirar a vitória, mas se tornou mais difícil. Temos que colocar fermento na candidatura do Aécio", afirmou.

Já o líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), afirmou que a decisão de Marina é uma derrota para o governo da presidente Dilma Rousseff. Na visão de Sampaio, não é possível analisar possíveis impactos na candidatura do tucano Aécio porque não se sabe qual será a capacidade de transferência de votos de Marina.

"A grande derrota foi do governo, que fez de tudo para impedir que Marina criasse seu partido. Quem ganhou com a ida dela para o PSB foi o campo da oposição", avaliou. "Não há perda do PSDB, que pode ter quatro partidos na sua coligação", disse Sampaio, citando DEM, Solidariedade e PPS.

Sampaio afirmou ainda que não é certo que o recall carregado por Marina da eleição de 2010 continuará a ser um patrimônio no próximo pleito e possa ser transferido para Campos. "Ela indo para ser vice de um candidato de oposição, será que esse recall permanecerá? Essa é uma dúvida que terá de ser respondida", disse. O líder tucano ressaltou que a associação de Marina e Campos não garante ao governador mais tempo de televisão na campanha porque, como o partido da ex-senadora não foi formalizado, não haverá esse benefício.

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