• Carregando...

A votação da emenda 164, que pretende mudar dispositivos no projeto do Código Florestal, colocou de lados opostos no plenário da Câmara o líder do PMDB na Casa, Henrique Eduardo Alves (RN), e o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), desencadeando um longo bate-boca na sessão desta terça (24).

Em um longo discurso, o líder do PMDB mandou um recado direto para a presidente Dilma Rousseff, ao afirmar que em nenhum momento a presidente teria se envolvido no debate do Código Florestal.

"Em todo esse período de discussão dessa matéria, não troquei uma palavra com a presidente Dilma, não recebi um telefonema da presidente Dilma. Mas há um ditado popular que diz: 'Vivendo e aprendendo'", afirmou Alves. O líder do PMDB defendeu a aprovação da emenda contrariando a orientação do governo e tratou de justificar a iniciativa afirmando que o gesto não fazia parte de um embate entre governo e oposição, mas sim uma discussão de interesse do país: "Quero dizer que não sou aliado do governo Dilma. Sou o governo Dilma. Tenho um vice-presidente da República que não foi nomeado, foi eleito. Sou do governo do PMDB e do PT, do PT e do PMDB."

Ao rebater o discurso do peemdebista, o líder do governo afirmou que a emenda 164 "era uma vergonha para o país". Na avaliação de Vaccarezza, que disse falar em nome de Dilma, a emenda defendida pelo líder do PMDB e por setores da base aliada e até da oposição poderia descaracterizar o texto do relator Aldo Rebelo.

"Essa emenda diz que está aberto para todos consolidar tudo que já foi feito [desmatado] ou não. E, nesse sentido, o governo diz: 'não está aberto para desmatamentos'. É isso que o governo quer", afirmou Vaccarezza.

Rebatendo o líder do PMDB, Vaccarezza afirmou que a discussão da emenda era, sim, uma questão de governo e oposição. Vaccarezza arrancou vaias do plenário ao afirmar que o parlamento ficaria "mais fraco" se o governo fosse derrotado: "Esta Casa está sob ameaça não quando o governo sai vitorioso. A Casa fica sob ameaça quando o governo é derrotado."

Ainda se referindo ao discurso do líder do PMDB, Vaccarezza disse que Alves "não expressou o sentimento da presidente Dilma [Rousseff]" ao defender a emenda na tribuna da Câmara. "A presidente considera que essa emenda é uma vergonha para o Brasil, e me pediu para dizer isso os deputados", discursou.

Diante das declarações do líder do governo de que a própria presidente Dilma Rousseff teria mandado dizer que "a votação da emenda seria uma vergonha para o Brasil", o relator do Código Florestal, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), pediu ao presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), que cobrasse explicações de Vaccarezza: "Se a presidenta Dilma disse isso quero que o líder seja interpelado."

Oposição

A oposição criticou a declaração de Vaccarezza sobre a emenda 164, de que a presidente Dilma Rousseff teria chamado o ponto do texto como uma "vergonha". O deputado Duarte Nogueira (SP), líder do PSDB, reafirmou o voto favorável à emenda e disse estar estarrecido com a declaração do líder do governo.

"Vergonha é um governo que quer fazer tudo por decreto e submeter de joelhos o Parlamento brasileiro. (..)Portanto, senhores líderes do governo e do PT, todos nós estamos estarrecidos e vamos relembrar esta frase do governo até porque acreditamos que a presidenta Dilma não tenha falado isso. Por isso, nosso voto é sim pela emenda", declarou durante discurso.

O líder do DEM, ACM Neto (BA), chamou o discurso de Vaccarezza de "menor" e "infeliz" e disse que a resposta sobre a emenda será dada pelo plenário e não pela oposição. "Principalmente porque temos consciência que o Brasil precisa desta emenda", discursou Neto, que elogiou o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves, na sua fala.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]