Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Partidos

Líderes praticam “dedaço” para definir candidatos

Dirigentes adotam modelo mexicano e reduzem a participação dos filiados nas decisões para as eleições deste ano

 |
Lula escolheu Haddad a dedo |

1 de 1

Lula escolheu Haddad a dedo

No último fim de semana, o prefeito de Recife, João da Costa (PT), foi recebido no aeroporto da cidade por militantes, que gritavam: "Ô Lula, decepção; em Recife você não manda não". A manifestação era contra a decisão do diretório nacional, apoiada pelo presidente de honra do partido, de não deixar o atual prefeito se candidatar à reeleição. O diretório nacional do PT decidiu intervir na decisão local, depois de um racha interno na legenda em Pernambuco, e homologou a candidatura do senador Humberto Campos (PT-PE) como pré-candidato único à prefeitura de Recife.

Intervenções como esta, de diretórios nacionais ou de "caciques" dos partidos no momento final da decisão de candidaturas, lembram a prática do Partido Revolucionário Institucional do México, o PRI, conhecida como "dedaço". O PRI governou o México por 70 anos, até 2000, e o "dedaço" era o costume de o presidente anunciar que candidato o partido teria.

Em Pernambuco, a indicação do senador faz parte da estratégia do PT para atrair o apoio do PSB à candidatura do ex-ministro Fernando Haddad, em São Paulo, que inclusive indicou Luiza Erundina para compor a chapa paulistana como candidata a vice. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que também é presidente do PSB, é contra a reeleição do prefeito João da Costa. A própria candidatura de Haddad também contou com a pressão de Lula, escanteando as intenções da ex-prefeita Marta Suplicy.

Mas as situações de Recife e São Paulo não são isoladas. Na última quinta-feira, o senador Roberto Requião acompanhou Rafael Greca, seu pré-candidato a prefeito de Curitiba, em uma audiência com o vice-presidente da República, Michel Temer (presidente nacional licenciado do PMDB), para pedir que o diretório nacional faça intervenção no diretório de Curitiba, caso a convenção local, marcada para o dia 23, decida pelo apoio do partido ao prefeito Luciano Ducci (PSB).

Requião defende o nome de Greca, mas vem sofrendo oposição de seguidores fiéis, como Doático Santos, hoje secretário do PMDB de Curitiba, e Luiz Claudio Romanelli, integrante do governo Beto Richa, como secretário do Trabalho. "Um núcleo de pessoas leais ao Requião tem se declarado contra a candidatura de Greca e com isso essa convenção pode ter um equilíbrio de votos", diz Romanelli. Ele sabe que não é fácil tentar uma candidatura alternativa à apoiada pelo senador peemedebista. "Requião foi prefeito de Curitiba, três vezes governador do Paraná, duas vezes senador; é natural que ele tenha uma influência política forte na cidade dele", diz Romanelli.

Apoios

Lideranças nacionais do PT tiveram forte peso na decisão de não lançar candidatura própria em Curitiba, apoiando Gustavo Fruet (PDT). A decisão foi tomada por votação, mas contou com forte influência da estratégia nacional do PT de apoiar candidatos de outros partidos que sejam competitivos. "O PT é o partido mais democrático nas suas decisões. O que me preocupa é quando a intervenção do PT nacional chega atrasada, quando deixa a competição chegar a um limite, e sem tomar uma atitude preventiva, precisa intervir depois que a situação está criada", diz o deputado federal Dr. Rosinha (PT), que defendia candidatura própria em Curitiba. Ele afirma que no caso da capital do Paraná o que houve foi um processo democrático de discussão que levou à decisão de apoiar outro candidato.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.