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Crise política

Lina: Receita passa por “perigoso recuo”

Ex-secretária insinua que demissões no órgão responsável pela arrecadação de impostos teriam ocorrido por motivação política. Governo nega a acusação

Cartaxo: política de fiscalizar grandes contribuintes será mantida | Valter Campanatto/ABr
Cartaxo: política de fiscalizar grandes contribuintes será mantida (Foto: Valter Campanatto/ABr)

Brasília - A demissão coletiva de 12 integrantes da cúpula da Receita Federal na segunda-feira, que entregaram os cargos em solidariedade à ex-secretária Lina Viei­­ra, provocou uma crise dentro da instituição. No início da noite de ontem, Lina esquentou ainda mais o clima ao divulgar uma nota em que classifica as demissões e exonerações de integrantes de sua antiga equipe como "perigoso recuo no processo de fortalecimento das instituições de Estado no Brasil". Na nota, ela ainda insinua que a Receita estaria sendo aparelhada politicamente.

O texto de Lina afirma que instituições como a Receita Federal somente poderão exercer seu papel constitucional se contarem com servidores que primem pela ética e estejam "imunes a influências políticas de partidos ou de governos". "Esses colegas (exonerados) são pessoas sérias, de competência inquestionável, cujo único pecado foi o compromisso com um projeto de uma Receita Federal independente e focada nos grandes contribuintes", diz Lina na nota.

A chefe da Ca­­­sa Civil, Dilma Rousseff, interferiu politicamente em sua gestão, ao pedir para agilizar as investigações envolvendo o em­­­presário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Lina en­­­tendeu o pedido como uma or­­dem para encerrar a investigação.

Órgão profissional

O governo federal passou o dia tentando pôr panos quentes na rebelião na Receita. O novo se­­cretário do órgão, Otacílio Car­­taxo, anunciou ontem os nomes da sua nova equipe. Car­­­taxo negou ainda que haja motivação política nas mudanças. "A Re­­ceita Federal é um órgão de Es­­tado altamente profissionalizado, eminentemente técnico e infenso a ingerências políticas", disse. "Todas as substituições têm caráter técnico. Sempre que há uma mudança no comando, o novo secretário tem autonomia para fazer as substituições necessárias." Cartaxo afirmou também que será mantida a política de fiscalização de grandes contribuintes, que será ampliada e não sofrerá nenhum tipo de interferência política.

"Que demissões?"

Já o ministro da Fazenda, Guido Mantega, minimizou a decisão de 12 integrantes da alta cúpula da Receita Federal que entregaram os cargos anteontem em resposta às exonerações de funcionários ligados à ex-secretária Lina Vieira. Ao chegar ao prédio do ministério, Mantega ironizou os questionamentos dos jornalistas sobre o assunto e respondeu: "Que demissões?".

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