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Às vésperas do julgamento de Suzane von Richthofen e dos irmãos Cravinhos, chega às livrarias O Quinto Mandamento - Caso de Polícia, um livro com minúcias da investigação da polícia sobre o caso. O livro traz histórias da reconstituição do crime e detalhes como a primeira pergunta que a ex-universitária fez a Daniel depois que ele matou seus pais: 'Já acabou?'. Ele foi escrito pela pesquisadora Ilana Casoy, uma especialista em estudar a mente de criminosos. Depois de quase quatro anos de pesquisa e mais de 100 depoimentos, Ilana concluiu que Suzane não pode ser considerada uma psicopata. Ela é uma matadora que cometeu o crime para se apoderar do dinheiro da família.

- Não se pode afirmar que Suzane é uma psicopata porque ela nunca foi submetida a um exame por um profissional. Ela é sim uma matadora de família. Também não acredito que ela tenha cometido o crime por amor ao namorado Daniel. Nesse caso, a alternativa seria fugir com ele. Na minha avaliação, a principal motivação foi ficar com o dinheiro da família - diz a pesquisadora Ilana.

O pedido dos advogados de defesa de Suzane para que ela fique com o seguro de vida dos pais e seja a inventariante dos bens reforça a conclusão de Ilana. Calcula-se que o patrimônio dos Richthofen ultrapasse os R$ 2 milhões.

Acostumada a estudar a mente de criminosos, como Chico Picadinho e Pedrinho Matador, Ilana afirma que o crime não condiz com o histórico de vida de Suzane. Esses assassinos tiveram famílias desestruturadas, dificuldades de sobrevivência, sofreram abuso sexual e violência. Foram vítimas quando crianças e viraram monstros quando adultos. No caso de Suzane, e também dos irmãos Cravinhos, isso não aconteceu.

- Suzane fala três idiomas, estudava Direito, não teve histórico de violência e agressão na família - afirma Ilana.

Foi isso que intrigou a opinião pública e fez com que o caso ganhasse tanta repercussão, na avaliação da pesquisadora. E esta também foi a razão que a levou a se envolver tanto com o caso a ponto de escrever o livro.

- Muito mais do que cometer um parricídio e um matricídio, que acontece vez por outra o ano inteiro, o que provavelmente desperta a curiosidade das pessoas é o fato de aparentemente Suzane ter o perfil clássico da filha que todos gostariam de ter. Loira, bonita, estudante de Direito, culta, trilíngue, filha de pais bem-sucedidos - diz Ilana.

Ela diz que o caso de Suzane e dos irmãos Cravinhos ilustra bem o fato de que não é possível reconhecer um assassino antes que ele mate.

Durante a preparação do livro, ela não entrevistou os assassinos. Mas se pudesse conversar com Suzane, perguntaria se ela está arrependida. E nesse caso, arrependida de quê? De matar os pais ou de ter estragado sua vida.

- Mas isso será difícil saber. Talvez a verdade surja depois do julgamento. Mas histórias assim nunca terminam. Elas seguem como marcas de geração em geração.

O Quinto Mandamento não traz revelações inéditas do assassinato e não induz a conclusões sobre a motivação do trio de matadores. Mas é um relato minucioso dos detalhes da investigação e de como o crime foi executado e ajudará os leitores a tirar sua própria conclusão.

Veja alguns trechos do livro:

"Depois de fechar as portas da garagem com o controle remoto, Suzane von Richthofe, Daniel e Cristian Cravinhos repassaram as etapas planejadas meses antes com cuidado. Suzane retirou da bolsa as meias de nylon e as luvas cirúrgicas (que a mãe usava para tingir os cabelos) e distribuiu aos iirmãos. Vistam isso para não deixar nenhuma prova da passagem de vocês aqui. Não podemos deixar nenhum vestígio, disse Suzane. Daniel emendou: fique tranqüila, tudo vai ser como combinamos. Vamos entrar e verificar se os velhos estão mesmo dormindo".

"Cristian não estava muito feliz com o acordo. Caberia a ele matar a mulher do casal, o que o deixava desconfortável. Também não acreditava muito que Suzane e Daniel fossem levar aquele plano adiante"

"Suzane subiu em silêncio e verificou que seus pais dormiam tranquilamente. Voltou para o patamar intermediário e fez sinal para que os rapazes subissem. Daniel ficou do lado esquerdo da porta do quarto. Cristian do lado direito. Suzane ficou ao lado do interruptor do hall. Tudo estava escuro e o silêncio era absoluto. A filha do casal deu a voz de comando: 'Vai', disse ela enquanto acendia a luz que guiaria dos algozes de seus pais e desceu as escadas para não assistir a carnificina"

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