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Em mensagem dirigida ao Diretório Nacional do PT, órgão máximo do partido, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo neste sábado ao exigir que a sigla, crivada de denúncias durante seu primeiro mandato, volte a ser exemplo ao país. Ele também defendeu o governo de coalizão, mas disse não ter pressa para nomeações.

"Eu cansei de fazer reunião com políticos que diziam para mim: você tudo bem, Lula, mas o PT acabou. E o PT ressurge das eleições tão ou mais forte do que era antes das eleições", disse Lula para a platéia de integrantes do alto escalão do partido reunida em um hotel de São Paulo.

Sem enumerar erros, Lula admitiu que, se o PT não os tivesse cometido, "chegaríamos muito mais fortes (ao segundo mandato)".

O PT passou por escândalos como o do mensalão, que custou a baixa de integrantes importantes dos quadros de direção do governo entre 2005 e 2006, enfrentou o caso dos dólares encontrados na cueca de um assessor e ainda a tentativa de compra de um dossiê que envolveria tucanos com a máfia dos sanguessugas.

"Agora, prestem atenção numa coisa, que é quase um apelo que eu faço a vocês. O PT tem que voltar a ser o exemplo deste país", completou, em discurso de cerca de 50 minutos.

Mandou também recado ainda aos que pregaram sua saída do partido. "Como posso sair do PT se o PT não sai de mim?"

Espaço do PT

Procurando responder às indagações dos petistas sobre sua participação no segundo mandato, em meio à articulação de um governo de coalizão, Lula disse que não está discutindo ministérios com os partidos com quem vem se reunindo desde que venceu as eleições em 29 de outubro.

"Não tem essa discussão se vai ter mais PT ou menos PT, se vai ter mais PMDB ou menos PMDB, se vai ter mais PL. Esse é um problema que vamos discutir no momento em que precisar discutir. Não podemos aceitar as divergências que tentam colocar na nossa boca."

Ele desmentiu especulações de indicações para cargos do primeiro escalão. "Não estou preocupado neste instante em montar governo. Fiz questão de dizer logo para a imprensa, porque todo dia tem um ministro nos jornais, de dizer que eu que vou escolher não estou sabendo. Não tenho pressa, não vou discutir isso agora, primeiro preciso discutir a relação com os partidos políticos."

Recomendou que apenas os líderes do partido sejam os porta-vozes a tratar do tema com a imprensa, para evitar informações desencontradas.

Ele voltou a dizer que tem se dedicado a buscar soluções que impedem o crescimento acelerado do país, que, segundo ele, tem crescido a taxas muito baixas desde 1980.

"Em todas as reuniões com partidos, não tenho discutido ministérios. A energia é toda para o destravamento do país", assegurou.

Cargos

O presidente foi aplaudido ao afirmar que o partido não loteou os cargos de confiança do governo, aqueles de livre contratação, mas deixou a porta aberta para novas indicações.

"Não aceito essa provocação de que o PT vai ser menor no governo. A verdade é que dos cargos de confiança, há 70 por cento que nós não mexemos, deixamos quem está lá. Essas críticas são feitas exatamente para que a gente fique inibido e deixe eles lá", dizendo respeitar os funcionários de carreira.

Oposição

Lula afirmou ainda que o papel da oposição é importante para a democracia, mas criticou a aprovação do 13º para o Bolsa Família no Senado nesta semana. Chamou de ridícula esta proposta feita pela oposição. "Eles sabem que aquilo foi grosseria, uma atitude pequena com coisa grande."

Ainda assim, disse que é possível construir uma boa relação com o Congresso por meio de conversas e de reuniões.

"Vocês vão ter surpresas... Vou chamar todo mundo para conversar. Não dá para a gente passar mais quatro anos nessa coisa maluca, nessa guerra sem fim que nos passamos nos primeiros quatro anos."

Previdência

Ele reconheceu a necessidade de reformar a Previdência Social, mas rejeitou qualquer possibilidade de resolver os problemas eliminando diretos de trabalhadores, como aumentar a idade para requisitar a aposentadoria.

"As pessoas querem mexer nas conquistas sem levar em conta que a discussão é mais profunda. O desafio da Seguridade Social é resolver sem jogar nas costas dos pobres a perda de seus direitos", destacou, dizendo que o déficit não é do sistema previdenciário e sim do Tesouro.

No discurso, Lula prometeu continuar o trabalho de integração da América do Sul e disse que está confiante na reeleição de Néstor Kirchner (Argentina) e de Hugo Chávez (Venezuela).

Estavam presentes ao encontro, que se estende até domingo, sete ministros, governadores eleitos, líderes das bancadas, além dos mais de 80 integrantes do Diretório Nacional. A reunião pode antecipar o Congresso da legenda, que agendará eleições para a direção.

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