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Em meio à crise militar provocada pelas idas e vindas do governo na punição dos controladores de vôo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está empenhado em manter sob controle sua base parlamentar, especialmente no Senado. Em jantar na noite desta terça-feira com senadores petistas, o presidente cobrou dos parlamentares que "se façam mais presentes em plenário, na defesa do governo" e disse por que a CPI do Apagão Aéreo o incomoda. Segundo o Blog do Noblat, o presidente quer evitar a exposição das fraquezas da Aeronáutica.

- O presidente fica pensando com ele próprio, será que ninguém vai chegar e dizer as coisas para defender o governo? A bancada disse ao presidente que teremos condições de defender melhor quando estivermos melhor informados. Para isso, é necessário mais diálogo com o presidente e com os ministros - afirmou o senador Eduardo Suplicy (SP), anfitrião do jantar.

Na avaliação dos próprios senadores petistas, Lula vinha negligenciando suas relações com o Legislativo. Durante os primeiros quatro anos de governo, a bancada do PT no Senado só conseguiu um encontro com o presidente, no fim de 2004. Desde então, os parlamentares aguardavam uma nova oportunidade de revê-lo.

- A base no Senado precisa ser monitorada permanentemente, precisa de carinho e atenção. O Senado tem uma característica diferente da Câmara, onde as negociações com as lideranças partidárias são consideradas suficientes para que as bancadas sigam a orientação - advertiu a líder do PT, Ideli Salvatti (SC).

Aproximação também com oposição: ACM visita Lula

Lula prometeu aos petistas fazer mais encontros com os aliados e estender o convite também a líderes da oposição. O primeiro foi o senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), que reuniu-se na manhã desta quarta-feira com o presidente no Palácio do Planalto . Ele entrou e saiu pela garagem destinada a autoridades, sem falar com a imprensa. ACM foi retribuir a visita que Lula lhe fez quando estava hospitalizado em São Paulo, há cerca de duas semanas.

O presidente pretende conversar ainda com o líder do Democratas no Senado, José Agripino Maia (RN), e com os tucanos Tasso Jereissati (CE) e Arthur Virgílio Neto (AM).

- O presidente já se reuniu com quase todas as bancadas e manifestou disposição de estreitar contato também com líderes da oposição - disse Ideli.

Lula admite trocar Pires e quer convocar Conselho de Defesa

A crise aérea foi o principal tema do jantar. Lula repetiu aos senadores o discurso feito na reunião do Conselho Político, na manhã de terça-feira. Segundo ele, negociação com os controladores só depois de normalizados os serviços nos aeroportos, sob responsabilidade da Aeronáutica, preservadas a hierarquia e a disciplina militares.

- O presidente deixou claro que não vai permitir quebra de hierarquia e disciplina - disse o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), presente ao jantar.

O presidente teria dito ainda que está disposto a substituir o ministro da Defesa, Waldir Pires , como parte da solução para a crise do setor aéreo, informaram à Reuters senadores que participaram do encontro. Na avaliação de Lula, porém, é preciso encontrar uma forma de mexer na pasta sem desmoralizar o atual ministro.

Durante o jantar, o presidente avaliou ainda que uma CPI do Apagão Aéreo, proposta pela oposição, ajudaria a agravar ainda mais a atual crise no setor. Agora, parentes de vítimas de acidentes aéreos também prometem pressionar pela criação da CPI.

- O país não ganharia em nada em mostrar fragilidades da Aeronáutica. O que precisa é superar a crise - afirmou o senador Aloizio Mercadante (PT-SP).

O presidente afirmou também que a Controladoria Geral da União (CGU) está apurando eventuais irregularidades na Infraero para que o governo não seja pego de surpresa.

Durante a reunião do Conselho Político, os aliados alertaram nesta terça-feira o presidente que a demora numa solução para a crise no sistema aéreo levará o governo a perder o discurso de que a CPI não é necessária e que se trata apenas de ação política da oposição.

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