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Em reunião do Conselho Político nesta quinta-feira (2), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou o setor aéreo a um cachorro com muito dono, que no final ninguém cuida. O problema teria sido resolvido com a nomeação de Nelson Jobim para o Ministério da Defesa.

Segundo relato de um dos representantes dos 11 partidos que o apóiam no Congresso, o presidente disse que até o acidente com o avião da TAM, que matou 199 pessoas, o setor aéreo sofria com um problema de gestão.

Seria como "um cachorro com muito dono, morre de fome e ninguém cuida", disse Lula aos aliados.

Lula afirmou que corrigiu esse problema nomeando Nelson Jobim ao Ministério da Defesa e dando a ele "carta branca" para agir e fazer qualquer mudança no setor, de acordo com outro relato de um deputado que participou da reunião.

O presidente reafirmou que o apagão aéreo o pegou de surpresa. Lula disse que em nenhuma campanha o assunto foi levantado e comparou os problemas no setor, a partir da crise na Varig, a um paciente que não sabe que tem câncer.

"A crise aérea é uma doença com metástase que o paciente não sabe que tem", afirmou Lula aos políticos aliados, segundo um dos presentes. Lula citou o acidente da Gol e o problema dos controladores como fatores que levaram o governo a perceber o problema.

Agências reguladoras

Na mesma reunião, Lula falou também sobre uma renovação na legislação das agências reguladoras para acabar com a estabilidade dos mandatos dos diretores.

Segundo relato de participantes do encontro, Lula afirmou ser preciso dar poder de destituição dos diretores a quem faz as nomeações.

Apesar de ser um assunto que paira sobre a Agência Nacional de Aviação Civil, o presidente não falou especificamente sobre a Anac. Teria pedido apenas para os representantes dos 11 partidos que o apóiam no Congresso analisarem o tema.

Participantes do encontro disseram que, em tom de brincadeira, Lula contou que logo após assumir a Presidência, no primeiro mandato, recebeu um presidente de agência reguladora. Na reunião, fez algumas cobranças, mas ouviu que não seria atendido porque o órgão era independente do governo.

"A gente sofre para ganhar uma eleição, daí vem um cara e diz o que pode e o que não pode fazer", disse o presidente aos participantes, segundo relatos. Lula disse que o projeto que altera a questão dos mandatos dos diretores "é uma questão de todas as agências".

Anac

Os cinco diretores da Anac vêm sendo criticados por supostamente não terem conhecimento técnico sobre aviação civil. Como o governo não pode demiti-los, eles sairiam da agência somente se renunciassem ao cargo.

O G1 apurou que o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, já fez queixas a Lula sobre o fogo amigo e teria dito que renunciaria se o governo desejasse.

Por exemplo, no caso da Anac e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a primeira reguladora a ser criada, os diretores têm mandato de cinco anos. Apenas a Agência Nacional de Petróleo (ANP) não tem estabilidade para a direção. Para todas as agências, o presidente nomeia os diretores e o Senado Federal chancela.

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