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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a dizer neste sábado que a prioridade do seu segundo mandato é o governo de coalizão, criticou a oposição por aprovar no Senado o décimo-terceiro para o Bolsa-Família e negou que tenha tentado se afastar da imagem do PT durante a campanha eleitoral.

- Como eu vou sair do PT, se o PT não sai de mim? - disse o presidente, levando às gargalhadas os petistas presentes à reunião ampliada do Diretório Nacional, que começou por volta das 11h, no hotel Pestana, nos Jardins, em São Paulo.

Ainda durante o discurso na reunião, Lula deu vários recados ao PT. Disse que não se trata de discutir se vai ter mais ou menos PT no governo e disse que quem decide sobre a composição do novo ministério é ele.

- Não tenho pressa para escolher os ministros. Não vou fazer isso agora. Vejo pelos jornais que ministro tal vai cair, mas eu que vou escolher não estou sabendo de nada.

Mesmo defendendo a coalizão, Lula não deixou de criticar os adversários, dizendo que seus quatro anos de governo bateram os oito do governo anterior. O presidente falou pela primeira vez sobre a aprovação do 13º para o Bolsa Família, em tom de forte crítica.

- Vocês viram que essa semana foi aprovado no Congresso Nacional o 13º para o Bolsa-Família. Quer dizer, quando a coisa é feita de forma ridícula, como foi feito isso, ninguém precisa brigar. Porque eles sabem que aquilo foi uma coisa de uma grosseria tão grande que a própria imprensa fez o papel que tinha que fazer. Mostrar o quanto de vez em quando as pessoas agem de forma pequena com coisa grande. E obviamente que nós temos consciência que essas adversidades vão acontecer, mas nós vamos tentar diminuí-las ao máximo.

Lula disse que é possível se construir um outro clima no relacionamento com o Congresso. Para o presidente o Congresso será 'a cara do povo brasileiro no dia da eleição', portanto é preciso estabelecer com ele a melhor relação possível. Lula disse ainda que as adversidades que surgirem serão resolvidas com 'uma boa conversa ou uma reunião', enfatizando que não quer que não haja opsição, 'que é boa para a democracia'.

Travada

Lula começou o discurso dizendo que o Brasil está travado e precisa destravar a economia para crescer mais.

- Se não desamarrarmos o nó de marinheiro que se deu em vários setores, como vamos crescer? - perguntou. Segundo o presidente, a economia brasileira está "travada há 20 anos".

- No primeiro mandato, demos o primeiro passo. Mas agora estamos tomando medidas que devem ser anunciadas até dezembro para destravar a economia. Muitas coisas que vamos fazer não podemos antecipar porque senão elas não acontecem. Mas o fto é que desde a década de 80 crescemos pouquíssimo - disse Lula.

Para ele, os estados estão com problemas de caixa e alguns s não terão inclusive como pagar o décimo térceiro salário para o funcionalismo.

- Os estados estão travados, não tem como se desenvolver e não conseguirmos destravá-los como crescer. O desafio é esse - disse Lula.

Disse que vai fazer um governo diferente no segundo mandato, com avanços sociais.

- Não basta ter o Bolsa Familia ou o Luz Para Todos. Temos como fazer mais. No segundo mandato, vamos provar que podemos fazer mais, com crescimento, distribuição de renda e mais avanços sociais.

Coalizão

Além dos 85 membros do Diretório Nacional, participarão da reunião líderes das bancadas no Congresso e os cinco governadores eleitos pelo PT em outubro (Bahia, Sergipe, Pará, Piauí e Acre). A polêmica deve ser uma das marcas da reunião. Embora haja uma tendência de aceitação dos integrantes do diretório à proposta de governo de coalizão, negociada diretamente por Lula, a ocupação maior de espaços pelo PMDB no segundo mandato pode despertar discussões acaloradas, já que mais peemedebistas, como já afirmou o presidente, terão espaço no governo, no lugar de petistas.

Outros líderes do partido também chegaram defendendo um governo de coalizão. O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, comentou que o o acordo do governo Lula com o PMDB permitirá a formação de um bloco partidário "forte e de expressão nacional". Ao chegar ao encontro, Tarso Genro defendeu as articulações do Executivo com a oposição "para dar sustentação a um governo de centro-esquerda".

- O PMDB teria uma função nacional estratégica de se transformar num partido nacional centrista porque ele é um partido que poderia se afirmar com vinculações, com articulação com o Executivo, com o partido nacional, em torno de um programa. Sustentamos que o PMDB participaria tanto do governo de (Geraldo) Alckmin quanto do governo do Lula porque ele estaria dividido. Com a vitória do presidente Lula na eleição, o PMDB, como partido centrista, se unifica agora para dar sustentação ao governo de centro-esquerda - afirmou o ministro, ao chegar ao primeiro encontro do diretório após a reeleição de Lula.

Chinaglia

O líder do governo na Câmara Arlindo Chinaglia declarou neste sábado que o PT não irá se chocar contra os interesses do país e que o partido vai dizer sim à coalizão. Pouco após chegar ao encontro, Chinaglia afirmou que não está em pauta a discussão sobre a presidência da Câmara, apesar de seu nome constar entre os candidatos ao cargo.

- São movimentos políticos. A imprensa noticia aquilo que ouve, aquilo que sabe, mas eu acho que existem os 513 deputados da Câmara. Estes são os que decidem. Portanto há uma troca positiva de opiniões e eu acho que neste momento é prematuro querer vaticinar quem vai ser o presidente da Câmara.

Perguntando se o PT estaria disposto a dividir o poder, Tarso Genro afirmou que sim, já que o partido assume uma responsabilidade maior do que tinha antes da reeleição - quando era apenas um partido de governo - e passa a ser um partido "fundamental numa coalizão política que exige disposição de dialogo".

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