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O senador Cristovam Buarque (PT-DF) defendeu nesta segunda-feira, em entrevista à rádio CBN, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abra mão da reeleição e encaminhe ao Congresso Nacional um projeto de lei que acabe com a reeleição não só dele, mas dos próximos presidentes da República. Em troca, afirmou, Lula negociaria com o Congresso Nacional a aprovação de um conjunto de leis que considera importantes em seu últimos 16 meses de mandato.

- Não é hora de fazer política, é hora de fazer história - disse Buarque, acrescentando que apresentou essa proposta ao presidente Lula dois meses atrás.

De acordo com sua assessoria, o senador anunciará nesta segunda-feira, no plenário do Senado, sua saída do PT.

- Para ter influência maior não posso ter amarra partidária neste momento - disse ele à CBN.

Perguntado sobre a intenção do presidente de lançar uma ofensiva para conter a crise, o senador petista afirmou que Lula precisa sair da lógica da crise e que será um erro caso essa ofensiva seja atacar os partidos de oposição.

Na avaliação de Cristovam Buarque, só abrindo mão da reeleição o presidente Lula conseguirá recompor uma base de apoio no Congresso Nacional.

- Ele tem que fazer um gesto que justifique a recomposição. Para mim, esse gesto é acabar com a reeleição - afirmou.

Buarque explicou que o fim da possibilidade de reeleição é importante porque os presidentes não sentam na cadeira como presidente, mas como candidato, e atribuiu a este fato a origem da crise política instalada no país.

- Foi isso que complicou - disse o senador, afirmando que a base de apoio seria negociada não para reeleger Lula, mas para permitir a conclusão do mandato.

Buarque afirmou que, na negociação para formação desta nova base, não precisaria mudar ministros, mas eleger projetos de lei prioritários para aprovação.

O senador afirmou que a proposta de por fim à possibilidade de reeleição seria 'muito demorada' se fosse apresentada por algum parlamentar e, além disso, não valeria para Lula, apenas para o próximo presidente.

- Tem que partir do próprio presidente, senão seria um golpe de estado. Se partir dele não - explicou.

Buarque afirmou que vai discursar nesta segunda-feira na tribuna para falar sobre o ex-governador Miguel Arraes e usá-lo como exemplo

- Ele passou por quatro partidos sem mudar de seu partido, que era o compromisso com o povo - disse, negando que anuncie hoje sua saída do PT.

O senador afirmou que está tendo dificuldade para exercer 'plenamente' seu mandato, porque não consegue dialogar com outros partidos, por ser do PT, e não conseguia dialogar também dentro do PT, por causa do bloco majoritário que dominava o partido. Buarque disse que alertou o presidente não sobre mensalão, que não sabia, mas sobre o fato de ele estar cercado por uma equipe que o impedia de se aproximar do povo e perceber a realidade.

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