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Aproveitando o público favorável, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que a crise "é extremamente grave" e voltou a dizer que neste momento de crise o importante é ter paciência, comparando-se ao ex-presidente Juscelino Kubitschek, como já havia feito na semana passada na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). Lula afirmou que em momentos de crise é importante ter paciência para não tomar decisões precipitadas. Segundo ele, o governante não pode se deixar levar pela emoção, mas sim, pela razão.

- Nesse momento, paciência é a única coisa. Os adversários podem fazer as ilações que quiserem, mas quem está no posto de comando não pode falar o que quer para não causar injustiça e transtorno - disse o presidente, dirigindo-se ao governador de Minas Gerais, Aécio Neves, do PSDB, e ao prefeito de Uberlândia, Odelmo Leão, do PP.

O presidente voltou a condenar a divulgação precipitada de informações envolvendo pessoas sem comprovação. Ele defendeu que "aqueles que levianamente acusam os outros peçam desculpas" e citou, sem mencionar nomes, o caso do ex-ministro da Saúde Alceni Guerra, acusado de comprar bicicletas superfaturadas, mas que posteriormente foi inocentado. Ele citou também o caso da Escola Base em São Paulo, cujos donos foram acusados de molestar crianças e depois foram absolvidos por falta de provas.

- Neste país é preciso agir com maior seriedade. Quando uma pessoa faz campanha política e cena para a televisão não está contribuindo para a apuração - afirmou Lula.

O presidente disse ainda que não foi "eleito para ficar com raiva de quem não gosta" dele, mas para governar para 180 milhões de pessoas. Ao lado do governador Aécio Neves, que não escondia o constrangimento, Lula criticou seus adversários e fez uma comparação de sua administração à de Fernando Henrique Cardoso. Ele disse que seus adversários diziam que o PT não sabia governar, que estava inchando a máquina pública e que a política econômica é igual à do governo passado. E afirmou que a média de empregos gerada nos últimos anos do governo tucano foi de 8 mil ao mês, enquanto em dois anos de meio de seu governo a meta já estaria em 104 mil por mês.

No início de seu discurso, o presidente cobrou respeito às autoridades presentes, já que tanto o prefeito quanto o governador Aécio Neves foram vaiados. Aécio falou somente durante quatro minutos e Lula disse se sentir desconfortável com a situação, que já havia presenciado em Garanhuns (PE), com o governador Jarbas Vasconcelos, do PMDB, e em Quixadá (CE), com o governador Lúcio Alcantara, do PSDB.

- É muito desagrável. Se fosse numa campanha se explicaria, mas estamos na inauguração de uma obra extraordinária. Gostaria de pedir o respeito pelas pessoas toda vez que estivesse numa inauguração - pediu Lula.

O presidente lembrou que o governador e o prefeito foram eleitos democraticamente.

- Se não respeitarmos o resultado das coisas democráticas, tudo fica muito difícil - reclamou Lula.

Em meio às vaias, o governador Aécio Neves deu as boas-vindas ao presidente, "honrando a fidalguia do povo mineiro quando recebe as autoridades". Aécio disse que no futuro ele e Lula poderão estar distantes no processo eleitoral, mas que hoje o presidente pode contar com Minas para trabalhar pelo país.

Quando Lula disse que falaria da crise política, um manifestante gritou no meio da platéia:

- Vai roubar aonde?

Ao se dirigir ao palanque, alguns manifestantes também gritaram, isoladamente, "corrupto e mensalão", em direção a Lula.

Leia o discurso de Lula na íntegra

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