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Em discurso de meia hora durante visita a um hospital em Ceres, no interior de Goiás, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva citou nesta quarta-feira realizações de seu governo, fez comparações críticas com governos anteriores chegando, inclusive, a dizer que a culpa pela violência em São Paulonos últimos dias foi decorrente da falta de investimento em educação.

- A verdade é que essas pessoas, todos eles, a maior parte deles, eram crianças de quatro anos na década de 80 e na década de 80 não se cuidou direito deles. Se tivessem investido em educação nas décadas de 70, 80 e 90, certamente muitos desses jovens estariam trabalhando, dando aula ou estudando. Temos que analisar quanto custa um preso e quanto custa um jovem na universidade - disse Lula.

O governador de São Paulo, Cláudio Lembo, criticou as afirmações do presidente Lula. Para Lembo, o discurso do presidente é eleitoral e vazio.

- É claro que concordo com o que ele disse, mas é uma frase vazia. São 500 anos de não educação, 500 anos de falta de integração das pessoas em uma sociedade civil efetivamente organizada. Isso é uma frase de comício - afirmou.

Lula disse que o Brasil sempre foi governado com descaso e que, ao final de seu mandato, será possível comparar suas realizações com os governos que o antecederam. Lula disse ainda que quatro anos é pouco para um presidente.

- Se tudo pudesse ser resolvido em quatro anos, eu não teria sido eleito presidente da República. Só fui eleito porque as coisas eram difíceis e o povo resolveu fazer um teste com um metalúrgico. Queremos provar que somos mais capazes do que aqueles que nos antecederam - disse o presidente.

Após inaugurar o hospital, o presidente vistoriou obras na BR-060. Em seguida, voltou a falar de violência. Lula disse que toda a sociedade brasileira tem responsabilidade pelo que está acontecendo em São Paulo, inclusive o governo federal, mas afirmou que não interviria no estado. O presidente também criticou aqueles que se omitiram durante a crise e os que apresentaram propostas de afogadilho.- O que o governo federal pode é dar apoio, seja com o Exército, com a Força Nacional, ou com a Polícia Federal. Eu acho que todos nós somos responsáveis. Toda a sociedade brasileira tem responsabilidade. O que aconteceu com esses criminosos é resultado do que somos a sociedade brasileira. O problema é que o governo federal só pode atuar no estado se houver pedido para o governo federal. Se não, será intervenção, e nós não vamos fazer intervenção - disse Lula.

O presidente cobrou ainda uma maior prestação de contas sobre o que está sendo feito em termos de segurança pública.

- O que estamos preocupados é que não pode o crime organizado ter mais força que a sociedade, que a polícia, que o estado, que a União. O momento é grave porque mostra o peso do crime organizado. Pelas reportagens que ouvi ontem, parece que havia mancomunação entre a política e os bandidos, acordo e não-acordo. O que precisa ficar muito claro é que a parte que o governo federal poderia fazer nós oferecemos ao governo estadual - disse.

A onda de violência foi tema também nesta quarta-feira no Congresso. A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou um pacote de medidas emergenciais. Clique aqui e saiba mais.

E o governo federal pode editar um decreto obrigando as empresas de telefonia celular a instalar bloqueadores nas penitenciárias do país. A proposta, segundo o ministro das Comunicações, Hélio Costa, é que as companhias implantem imediatamente os equipamentos. Hélio Costa e Márcio Thomas Bastos, ministro da Justiça, reuniram-se para discutir o tema e elaborar a medida.

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