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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira não ter dúvida de que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), de licença por 45 dias, voltará ao comando do Senado.

Volta, obviamente que ele vai voltar.O Renan apenas pediu licença - disse o presidente em entrevista a jornalistas brasileiros no Palácio do Povo, sede do governo da República do Congo.

Oposição e aliados do governo, porém, já traçam estratégias para uma provável nova eleição para a presidência do Senado . A ação mais ofensiva parte do PSDB, que vetou o nome do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) para a sucessão de Renan. Entre alguns governistas, no entanto, ainda há temor de que o debate contamine a votação da CPMF.

Mais uma vez, o presidente afirmou que o Palácio do Planalto não vai interferir na crise envolvendo Renan. Segundo Lula, o caso tem que ser resolvido pelo próprio Senado.

- É um problema de dentro do Senado, que deve vir de dentro do Senado, não vai vir do Planalto - disse Lula, que assegurou não ter visto a revista "Playboy" com as fotos da jornalista Monica Veloso, pivô da primeira representação contra Renan no Conselho de Ética.

- Não vejo a Playboy depois que virei adulto.

Lula disse ainda que o PMDB tem direito a ficar com a presidência do Senado porque é a maior bancada da Casa.

- A lógica do Congresso Nacional é que quando um partido tem o presidente da Câmara, como é o caso do PT, o PMDB tem direito a ter a presidência do Senado porque é o maior partido do Senado.

A cúpula do PMDB no Senado reconhece que está sem condições, pelo menos no momento, de conduzir o processo de sucessão de Renan, muito embora detenha a maior bancada. O problema do governo, na visão dos caciques pemedebistas, é que o PT vislumbra a oportunidade de ficar com o cargo em caráter definitivo.

Antes de entrar para a reunião de líderes que vai discutir, entre outras coisas, o cronograma de votação da CPMF, o presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), disse que deve fidelidade a Renan e deixou claro que não pretende assumir de vez o comando da Senado. Segundo ele, a antecipação da discussão sobre uma eventual sucessão de Renan não ajuda a pacificar a Casa, que está "agonizando diante da opinião pública".

- Não sou candidato em hipótese alguma. Só posso pensar em mandato tampão. O senador Renan volta na hora que quiser. Acho inoportuno discutir isso no momento em que estamos tentando pacificar o Senado, que está agonizando perante a opinião pública. Não acho que essa discussão traga qualquer benefício agora. O PMDB é que está autorizado a fazer esse debate e entendo que tenho o dever de fidelidade ao senador Renan. O PT é a quarta força no Senado, não podemos ter a pretensão de disputar a presidência da Casa - afirmou.

Quinta representação é enviada ao Conselho de Ética

A Mesa Diretora do Senado decidiu enviar para o Conselho de Ética a quinta representação por quebra de decoro contra Renan. A representação, assinada pelo PSDB e DEM, pede investigação da denúncia de que o senador alagoano, teria participação na suposta ação de espionagem contra os senadores Marconi Perilo (PSDB-GO) e Demóstenes Torres (DEM-GO). A 'arapongagem' estaria sendo providenciada pelo assessor de Renan na presidência, o ex-suplente de senador Francisco Escórcio. E teria como objetivo final descobrir possíveis falhas dos senadores goianos para, depois, pressioná-los durante a tramitação dos processos contra Renan. O presidente licenciado do Senado negou qualquer participação no episódio.

Já o PSOL já estuda entrar com uma sexta representação pedindo a cassação do senador, tendo como base denúncias de que Renan teria favorecido uma empresa fantasma por meio de emendas no Congresso. As novas acusações, publicadas neste domingo pelo jornal 'Estado de São Paulo', tem como pivô uma empresa da qual seria dono um ex-assessor de Renan, José Albino Gonçalves de Freitas.

Para Casagrande, reunião do Conselho será 'divisor de águas'

O senador Renato Casagrande (PSB-ES) acredita que a reunião do Conselho de Ética, marcada para quarta-feira, pode representar um novo momento das representações contra Renan.

- Essa é uma reunião muito importante. É a primeira depois do afastamento do Renan e deverá ser um divisor de águas. Discutiremos o novo cronograma e os rumos que serão dados ao caso daqui pra frente -disse Casagrande.

Desde sexta-feira o senador Jeferson Peres (PDT-AM) tenta notificar Renan para que ele apresente sua defesa na representação sobre sociedade oculta com o usineiro João Lyra, em um jornal e rádio de Alagoas. Mas até a tarde desta segunda-feira ainda não tinha conseguido.

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