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Brasília (AE) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está muito irritado com o ex-chefe da Casa Civil e deputado José Dirceu (PT-SP). Nas conversas sobre a crise política, Lula mostra inconformismo ao ver Dirceu vangloriar-se de sua "fidelidade canina", afirmando que tudo o que fazia era do conhecimento do presidente. "Que presidente é esse que ele fala?", perguntou Lula, nos últimos dias, segundo relato de três interlocutores ouvidos pela reportagem.

A estratégia de salvação adotada por Dirceu, no diagnóstico feito pelo governo, dirige todos os holofotes para o Palácio do Planalto. Até mesmo quando o assunto é a eleição da cúpula do PT. Motivo: Dirceu trava ruidoso embate com o presidente interino do partido, Tarso Genro, obrigando Lula a entrar em mais uma linha de tiro. Preocupado com a crise que nunca termina, Lula fez uma promessa para Nossa Senhora Aparecida. Quer terminar seu governo em paz e ser reconhecido. É por isso que tem carregado a imagem de Nossa Senhora na lapela do paletó.

A primeira vez que ele usou o broche foi na quinta-feira, quando diante de uma platéia formada por integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, mandou recado para seu ex-chefe da Casa Civil: "Cada um dos meus companheiros sabe que pode ser o meu melhor amigo, dentro ou fora do PT, mas, se cometer alguma coisa de equívoco de conduta, com a mesma grandeza que o convidei para vir para o governo eu o convido para deixar." E prosseguiu. "Depois, responderá onde tiver que responder."

Revolta

Dirceu ficou furioso com Lula. Em diálogos reservados, o deputado, que enfrenta processo de cassação na Câmara, disse que está "pagando mico" em público e sendo rifado injustamente. Avalista das alianças eleitorais que conduziram Lula ao Planalto em 2002, Dirceu dá sinais de revolta com o presidente. "Por acaso fui eu que não quis fazer coalizão com o PMDB logo no início do governo?", perguntou. "E fui eu que demorei todo aquele tempo para fazer a reforma ministerial?" Na prática, Lula e Dirceu protagonizam novamente a queda-de-braço que mantiveram dentro do governo, durante 30 meses. Uma disputa silenciosa e nos bastidores, acompanhada de perto pelo ministro da Fazenda, Antônio Palocci.

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