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O presidente Lula vistoria as obras da transposição do Rio São Francisco, em Pernambuco: três dias de visita ao Nordeste com a ministra Dilma Rousseff a tiracolo | Ricardo Stucckert/Presidência
O presidente Lula vistoria as obras da transposição do Rio São Francisco, em Pernambuco: três dias de visita ao Nordeste com a ministra Dilma Rousseff a tiracolo| Foto: Ricardo Stucckert/Presidência

Petista quer candidatura única

Agência Estado

Floresta (PE) - O presidente Lula defendeu ontem que a base governista tenha apenas uma candidatura à Presi­­dência, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). Desse modo, segundo ele, haveria uma espécie de plebiscito para avaliar o governo, pois haveria apenas um candidato da situação e um da oposição.

"Gostaria que tivéssemos uma eleição plebiscitária, pão pão queijo queijo", disse Lula, em entrevista coletiva durante sua visita a Floresta, no sertão pernambucano, onde vistoriou o canteiro de obras da transposição do Rio São Francisco. "Se não for possível, paciência", completou o presidente, ao deixar claro, no entanto, que no que depender dele, sua sucessão será disputada por um representante da situação e um da oposição.

Indagado sobre a possibilidade de haver duas candidaturas da base – a de Dilma Rousseff e a do deputado federal Ciro Gomes (PSB) –, Lula brincou: "Não vê que a Dilma e o Ciro estão sempre juntinhos?". Anteontem, Lula, Dilma e Ciro fizeram parte da comitiva presidencial que iniciou a vistoria das obras de transposição do São Francisco.

Confiante na relação construída com os governadores de Pernambuco, Eduardo Campos, e do Ceará, Cid Gomes, ambos do PSB, o presidente acredita que haverá entendimento nacional em torno de um só candidato. "Não me vejo indo a Pernambuco sem estar no palanque de Eduardo; não me vejo indo ao Ceará sem estar no palanque de Cid", afirmou o presidente. "Vamos trabalhar, temos seis meses para maturar, muita coisa vai acontecer, vamos maturar."

Irreversível

Na entrevista coletiva Lula considerou ainda a obra da transposição do Rio São Francisco "irreversível", independentemente de quem venha a sucedê-lo. "Vamos ter (em 2010) um canal pronto (Eixo Leste) e outro com mais ou menos 70% (Eixo Norte) pronto", afirmou. "Se alguém parar uma obra que falta 30% para terminar, é de uma irresponsabilidade que não tem tamanho", complementou, dando mais uma alfinetada no governador paulista José Serra, principal pré-candidato da oposição ao governo federal (leia mais sobre as farpas entre os dois na reportagem acima).

"Acho que as pessoas que vierem depois de mim vão terminar e fazer outras obras mais importantes ainda", afirmou. Ele destacou ainda que pretende deixar "uma prateleira de projetos e dinheiro previsto no orçamento para que quem vier possa começar ‘bombando’, trabalhando muito, porque o Brasil aprendeu a gostar de crescer, o povo aprendeu a gostar de trabalhar".

Sertânia (PE) e São Paulo - A viagem de três dias do presidente Luiz Inácio Lula da Silva às obras de transposição do Rio São Francisco, juntamente com ministra e presidenciável Dilma Rousseff (PT), acirrou os ânimos entre o governo e a oposição – ambos de olho nas eleições de 2010. Lula e o governador de São Paulo, José Serra, principal pré-candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, passaram o dia de ontem trocando farpas a distância.

Lula reagiu com ironia e provocação à declaração de Serra de que "há uma absoluta ausência de investimentos na irrigação (do Nordeste) há seis ou sete anos" – período que coincide com o mandato do petista. Lula afirmou que Serra está, com esse comentário, "preparando o discurso para a campanha" de 2010. E o provocou dizendo que preatende convidar o governador a participar da inauguração de alguns projetos de irrigação na região.

As declarações de Lula, divulgadas pela Secretaria de Imprensa da Presidência da República, foram feitas em entrevista a emissoras de rádio mineiras e do Nordeste, em canteiro das obras de transposição do Rio São Francisco, no município pernambucano de Sertânia.

Ao ser informado sobre a declaração do governador tucano, Lula ironizou: "Eu não sabia que o Serra tinha alguma preocupação com o Nordeste. Mas, se começa a ter, um pouquinho perto das eleições, é um bom sinal". "O que é triste é isso", disse Lula. "Vai passando o tempo, as pessoas não falam, as pessoas ficam mudas, e quando vai chegando perto das eleições, as pessoas começam a preparar o discurso para a campanha".

Lula admitiu que "muita gente", entre os críticos das obras do governo no Nordeste, tem "razão em muitas coisas", mas discordou de quem diz que as comunidades ribeirinhas e de outros lugares não estão sendo atendidas. "Nós criamos o programa ‘Água para Todos’, que vai levar água para todas as comunidades perto do Rio São Francisco que não têm água. Não podemos jogar nas costas do rio e nas costas do programa de transposição a responsabilidade de séculos de descaso com o povo brasileiro", declarou o presidente.

"O Serra que fique esperto, porque ele vai ver o que nós vamos inaugurar de irrigação no Nordeste nesses próximos meses – projetos que estiveram parados por anos, e não parados por nossa culpa, parados por irresponsabilidade do Poder Judi­­­ciário, da Justiça, por erro de projetos que nós estamos recuperando", disse o presidente. "Quero até convidar ele para participar comigo da inauguração de alguns projetos, para ele entender o que está acontecendo no Nordeste brasileiro."

Lula disse que seu governo tem, não apenas um, mas "vários programas" voltados à solução do problema da falta de água no Nordeste. "E acho que, se continuar fazendo os investimentos que estamos fazendo, dentro de cinco anos nós teremos um Brasil com muito mais saneamento básico, com muito mais água boa para beber, um Brasil com muito mais energia."

Reação

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), rebateu com ironia as declarações de Lula, de que o tucano está começando a preparar seu discurso de campanha ao criticar as ações de combate à seca do governo federal no Nordeste. "Se aquilo que eu disse ajudar a ter um metro a mais de irrigação no sertão de Per­­nambuco, eu vou ficar feliz. Fico felicíssimo", disse Serra, em São Paulo.

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