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José Mourinho teve o contrato renovado com o Real Madrid até 2016 | AFP
José Mourinho teve o contrato renovado com o Real Madrid até 2016| Foto: AFP

Defesa

Advogado nega as declarações atribuídas ao publicitário

Agência O Globo

O advogado do publicitário Marcos Valério, o criminalista Marcelo Leonardo, disse que seu cliente não deu entrevista à revista Veja e negou as declarações atribuídas a ele, acusando o ex-presidente Lula de ser o chefe do mensalão. "Desde 2005 Marcos Valério não dá entrevistas e não deu nenhuma entrevista para a revista Veja agora. Ele nega o teor das declarações atribuídas a ele", disse Leonardo.

O advogado José Luís Oliveira Lima, que representa o ex-ministro José Dirceu, criticou a reportagem, com declarações de Valério, supostamente reveladas por pessoas próximas. "Acho muito estranho que na véspera de iniciar o julgamento contra o meu cliente, e também na véspera do primeiro turno [das eleições], a revista venha com uma matéria desprovida de fatos concretos, de provas e documentos", afirmou o advogado, que minimizou a hipótese de o artigo influenciar no julgamento. "Fico tranquilo quando lembro que meu cliente está sendo julgado pelo STF, composto pelos magistrados mais experientes do país, portanto vacinados para qualquer tipo de pressão."

Em entrevista à rádio CBN, o ministro Marco Aurélio Mello, que participa do julgamento do mensalão, também minimizou a possibilidade de interferência: "A reportagem não vai interferir no julgamento. A esta altura, nós temos os acusados já definidos. Nesse processo, não se volta para uma fase ultrapassada. De qualquer forma, o Judiciário só atua mediante provocação do Ministério Público".

O ex-presidente Lula passou o fim de semana negando a interlocutores que tenha tido qualquer encontro com o publicitário Marcos Valério, acusado de ser o operador do mensalão. Segundo a revista Veja, o publicitário tem afirmado a amigos que Lula era o chefe do esquema de corrupção e que se encontrou diversas vezes com o ex-presidente.

Segundo a revista, além de dizer a amigos que Lula era o chefe do esquema do mensalão, Valério contou, também a interlocutores, que teria assumido a responsabilidade por crimes que não cometeu sozinho e mantido segredo de histórias que testemunhou. Desiludido com o rumo do julgamento no Supremo Tri­­bunal Federal, que já o condenou, o empresário estaria agora disposto a falar, ainda conforme a revista.

Em campanha por candidatos do PT, sábado na Bahia e ontem em São Paulo, Lula tem disse a interlocutores do partido que nunca esteve com o empresário. "Uma coisa eu posso garantir, o Lula nunca esteve com o Marcos Valério. Se ele disse que esteve com o presidente Lula na Granja do Torto, é mentira", disse o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), que tem sido uma das principais companhias do ex-presidente. Os dois estiveram juntos no sábado em Feira de Santana, em comícios do candidato petista Zé Neto, e ontem participaram de um almoço de apoio à campanha de Fernando Haddad, em São Paulo. O encontro aconteceu no Centro de Tradições Nordestinas, na zona norte da capital paulistana.

Reação

O líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto (SP), desqualificou as declarações atribuídas a Marcos Valério na reportagem da revista Veja. Ele disse que o povo conhece Lula. "Vão quebrar a cara aqueles que querem tentar envolver o presidente Lula nesse processo. O presidente Lula teve um procedimento correto. O povo brasileiro sabe quem é Lula e o que ele fez de bom", defendeu o petista, descartando impacto político das declarações atribuídas a Valério na proximidade das eleições.

Tatto afirmou que Marcos Valério teve várias oportunidades – quando a denúncia foi feita ou quando prestou esclarecimentos ao Ministério Público – para contar o que sabia. "Se ele não o fez antes, é porque agora está mentindo", disse Tatto. "É uma fala de um réu, de uma pessoa que está na iminência de ir para a cadeia. A credibilidade não existe. É a fala de quem está desesperado e tenta envolver outras pessoas de bem."

Oposição trata denúncias como confirmação do esquema

Agência Estado

O PSDB examina pedir investigação ao Ministério Público para apurar suposta participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no esquema de compra de votos em troca de apoio ao seu governo, depois das últimas revelações atribuídas ao publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza de que Lula era o chefe do mensalão, conforme reportagem publicada pela revista Veja desta semana.

Lideranças de partidos de oposição trataram as declarações como a confirmação de fatos que eram apontados antes como evidências. Na oposição, há a expectativa de que novas revelações e detalhes do esquema virão à tona por outros réus que esperavam proteção do esquema de corrupção, mas que estão sendo condenados no julgamento do processo em curso no Supremo Tribunal Federal (STF). "A perspectiva de prisão vai soltar a língua de muita gente", afirmou o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR).

"Isso é explosivo. É a primeira vez que as suspeitas se confirmam pelo depoimento da figura central que é Marcos Valério. Essas revelações publicadas, se confirmadas pelo depoente, amplificam os limites sugeridos por Marcos Valério no processo do mensalão", afirmou o presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN).

A direção nacional do PPS avalia que é dever da Procuradoria Geral da Re­­pública abrir uma nova investigação. "É dever do Ministério Público, diante de uma denúncia crime, que é o caso da reportagem, abrir processo", afirmou o presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP). Para ele, a participação de Lula não é novidade, mas as revelações de Marcos Valério confirmam o que a oposição vem denunciando há anos.

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