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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está decidido a manter no Brasil o ativista italiano Cesare Battisti, cuja extradição foi decidida na semana passada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por cinco votos a quatro. O Supremo, no entanto, decidiu depois que caberá a Lula a palavra final sobre o assunto. O desafio para o presidente, agora, é encontrar um dispositivo legal que permita a permanência de Battisti. A condição de refugiado político está praticamente descartada. A ideia é esperar a polêmica esfriar e anunciar a decisão por meio do Diário Oficial da União, sem alarde.

Na viagem que fez a Roma, semana passada, Lula conversou com o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, sobre Battisti. Ouviu dele, de acordo com membros da comitiva brasileira que acompanharam o presidente, que a amizade entre os dois países continuará a mesma, quer Battisti seja extraditado ou permaneça no país. Na avaliação da comitiva brasileira, o impasse maior está entre as esquerdas italianas que, segundo esses interlocutores, teriam "contas" a acertar com Battisti.

Lula aproveitou a viagem para conversar com o ex-chanceler italiano Massimo D’Alema. Ouviu dele, ainda de acordo com interlocutores, que as esquerdas não queriam que Battisti ganhasse a condição de perseguido político. Um dos membros da comitiva de Lula che­­gou a falar duro com D’A­­lema e afirmou que, se alguma coisa acontecesse com Battisti, os esquerdistas poderiam ser considerados os responsáveis.

Lula está disposto a jogar água fria na discussão. Nesse sentido, vai conversar hoje com o ministro da Justiça, Tarso Genro. Lula não está nada satisfeito com o jeito com que Tarso tem conduzido a questão. Acha que as declarações do ministro só contribuem para acirrar os ânimos. Semana passada, Tarso chegou a afirmar que, embora a Itália não seja nazista nem fascista, ele enxergava um crescimento preocupante do fascismo em parte da população italiana. E afirmou: "O fascismo vem ganhando força inclusive em setores do governo." Ontem, Tarso disse que as declarações feitas por autoridades italianas pela extradição de Battisti poderão abrir uma brecha para um novo pedido de refúgio político.

Lula também mandará emissários para negociar com os cerca de 20 manifestantes que acamparam em frente do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede provisória da Presidência da República. Parte do grupo afirma que está em greve de fome em solidariedade a Battisti, que também estaria fazendo o mesmo tipo de protesto. Lula quer que a greve acabe.

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