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Moacir Micheletto (PMDB), deputado federal e coordenador político da Frente Parlamentar da Agropecuária | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Moacir Micheletto (PMDB), deputado federal e coordenador político da Frente Parlamentar da Agropecuária| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
  • Moacir Micheletto (PMDB), deputado federal e coordenador político da Frente Parlamentar da Agropecuária

Brasília - Ambientalistas e ruralistas têm várias divergências em relação às mudanças que podem ou não ser feitas no Código Florestal. No entanto, os dois lados parecem concordar que o adiamento da votação, na semana passada, foi positivo para que as negociações ocorram com mais calma nos próximos dias.

Depois dos três adiamentos consecutivos, a reportagem da Gazeta do Povo ouviu dois deputados federais paranaenses que endossam essa opinião: a ambientalista Rosane Ferreira e o ruralista Moacir Micheletto. Segundo eles, há clima para discutir as arestas que ainda impedem um consenso entre os dois lados. No entanto, a presidente Dilma Rousseffe seus emissários precisarão ser cuidadosos para não causar rachas em sua base de sustentação no Congresso.

Veja os principais trechos das entrevistas dos dois deputados a seguir.

"Congresso precisa de mais ambientalistas"

Rosane Ferreira (PV), deputada federal e membro do conselho executivo da Frente Parlamentar Ambientalista.

O governo teve mais medo de afrontar os ruralistas ou a ex-senadora Marina Silva (PV) na votação do Código Florestal?

Acho que eles tiveram medo mesmo foi de enfrentar uma reação da Dilma. Da forma que estava armado o texto que seria votado, bem mais favorável aos ruralistas, a presidenta seria obrigada a vetar alguns trechos. Isso seria um dilema. Não é questão de afrontar a Marina ou os ambientalistas e ruralistas. É uma questão de manter a postura de sustentabilidade ambiental com a qual a Dilma se comprometeu na campanha.

O texto é ruim para os ambientalistas?

As palavras da Marina são as palavras corretas. O texto tem ainda pegadinhas. A penúltima versão a que tivemos acesso era muito ruim. O último texto já era menos mau. A verdade é que a gente acabou ganhando tempo para discutir mais, o que foi bom. Mas ainda não nos sentimos totalmente a salvo das armadilhas da votação no plenário.

Como a senhora avalia a atuação dos ruralistas na votação?

Eles são muito fortes. A partir da atuação deles, eu tenho uma crítica construtiva a fazer para todo movimento ambiental. Os ambientalistas não acreditam na política partidária, preferem agir de uma maneira meio anárquica. O Congresso, que representa a sociedade, precisava de mais parlamentares que representassem esse setor. Quantos nós somos? Vinte, trinta? Não adianta só ficar no protesto, tem que eleger mais gente para representar o setor.

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"O governo vai ter de lidar melhor com a base"

Moacir Micheletto (PMDB), deputado federal e coordenador político da Frente Parlamentar da Agropecuária

A oposição pegou carona na demanda dos ruralistas?

A discussão sobre o Código, na verdade, deu uma mostra de independência de todo o Congresso Nacional. O governo percebeu que é preciso negociar, que não dá simplesmente para passar por cima. Só que nós também precisamos fazer a nossa parte. O que realmente interessa é encontrarmos um consenso.

Que lição traz a discussão da semana passada?

Por um lado, mostrou a incapacidade do governo de negociar. Por outro, parte dos ruralistas também foi muito afoita ao apoiar um destaque ao texto que seria apresentado pela oposição. Se passasse esse destaque, a presidente inevitavelmente o vetaria. Queremos um acordo sem derrota para todos os lados. Agora, o governo vai ter de lidar melhor com a base. O PMDB já anunciou que não vota mais nada antes do Código.

Foi uma demonstração de força dos ruralistas?

Não é uma questão de força, de perde e ganha. Meu papel é o de aglutinar os interesses dos ruralistas com os do governo. Pre­­cisamos trabalhar melhor a unidade da bancada e nos concentrarmos no objetivo de um Código que traga segurança para o agricultor. Claro que no meio de tudo isso há também uma briga de interesses da oposição. O que aconteceu [o adiamento da votação] é positivo para terminarmos um acordo. Temos ambiente para negociar.

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