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Paulo Malhães: corpo foi sepultado ontem em Nova Iguaçu | Rudy Trindade/Folhapress
Paulo Malhães: corpo foi sepultado ontem em Nova Iguaçu| Foto: Rudy Trindade/Folhapress

Investigação

Família diz não saber se coronel sofreu ameaças de morte

O enterro do corpo do coronel Paulo Malhães ocorreu na tarde de sábado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, às 15 horas. O corpo, segundo informações de O Globo, chegou ao cemitério local por volta de meio-dia, depois da realização da autópsia.

A família diz que não sabe de nenhuma ameaça que o coronel tenha recebido nos últimos dias, depois de ter dado depoimento sobre seus crimes à Comissão da Verdade. A polícia afirma que até o momento não descarta nenhuma hipótese como explicação para a morte do coronel.

Além de investigar o possível interesse no roubo de armas do militar, o que caracterizaria latrocínio, estão de pé as possibilidades de vingança e de queima de arquivo. O caso será apurado pela Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense.

O coronel reformado Paulo Malhães, encontrado morto na última quinta-feira, pode ter sido vítima de um infarto. A conclusão foi divulgada na tarde deste sábado pelo site do jornal O Globo, que teve acesso com exclusividade à guia de sepultamento do militar. No documento, constam como causas do óbito edema pulmonar, isquemia de miocárdio e miocardiopatia hipertrófica. Os sinais, segundo peritos, correspondem ao de uma pessoa infartada.

Malhães ficou conhecido nacionalmente em março deste ano, quando deu depoimentos à Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro e à Comissão Nacional da Verdade, ambas destinadas a revelar crimes cometidos por agentes do Estado durante a ditadura militar iniciada com o golpe de 1964. Oficial da ativa do Exército à época do regime, Malhães admitiu nos depoimentos ter torturado e matado presos políticos.

Em seu depoimento, o coronel admitiu ainda participação na ocultação do cadáver do ex-deputado Rubens Paiva, morto no período por agentes do DOI-Codi. O militar contou como o corpo foi transferido de local para não ser localizado.

A confissão do coronel, facilitada devido à Lei da Anistia de 1979, que proíbe a punição de crimes políticos cometidos na ditadura, foi repleta de detalhes sórdidos: Malhães contou como os corpos eram despejados em rios já com as vísceras retiradas, para que não fossem encontrados. Relatou ainda como cortava as pontas dos dedos e arrancava os dentes dos mortos, para evitar que os corpos dos desaparecidos fossem reconhecidos.

Invasão

Na quinta passada, o corpo do coronel foi encontrado em seu sítio em Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro. A esposa dele e o caseiro contaram que três homens invadiram o local em busca e armas, sabendo que o militar era um colecionador. Prenderam as demais pessoas e teriam, segundo o relato inicial, asfixiado o militar – a versão se baseou no fato de o pescoço dele ter marcas de pressão.

Segundo um perito ouvido por O Globo, existe a possibilidade de que Malhães tenha infartado em razão da invasão da casa. "Edema pulmonar e isquemia de miocárdio provavelmente é infarto. Ele deve ter infartado com a história toda. Deve ter ficado nervoso e sofrido muito na hora, causando uma insuficiência cardíaca", disse ao jornal o perito Nelson Massini.

A família confirmou que o coronel, de 77 anos, sofria de problemas cardíacos. A certidão de óbito, que poderia confirmar a causa da morte, não foi divulgada pela família.

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