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O ex-prefeito Paulo Maluf e o filho dele, Flávio Maluf, devem passar o fim de semana na presos. O advogado José Roberto Batochio informou neste sábado que entrará com pedido de hábeas-córpus na segunda ou na terça-feira. Enquanto não tiver uma nova manifestação da Justiça, os dois permanecerão presos. Maluf e o filho dividem uma mesma cela, a número 4, no terceiro na sede da Polícia Federal em São Paulo. Neste sábado, funcionários da família entregaram colchonete e travesseiro e uma mala com roupas e pertences pessoais dos dois. Segundo pessoas que tiveram contato com os dois, Maluf está bastante abatido e o filho dele, Flávio, chorou ao chegar na sede da PF.

Maluf não pode receber visitas. O vereador Agnaldo Timóteo, do PP, foi barrado pela Polícia Federal. O deputado estadual Antonio Salim Curiati, também colega de partido, levou uma sacola com quibes e quindins. Segundo ele, Maluf está preso mas pode conversar por celular. Curiati disse que falou com o ex-prefeito pela manhã. Maluf teria se referido à prisão como 'coisas da vida'. O deputado, que também não conseguiu ver o ex-prefeito, entregou a sacola com os produtos para um delegado de plantão e chegou a dizer que estava com saudade da ditadura, argumentando que 'naquela época existia mais respeito'.

A prisão preventiva de Maluf e de Flávio Maluf foi decretada na sexta-feira pela juíza Silvia Rocha, da 2ª Vara Criminal Federal de São Paulo, que aceitou na íntegra a denúncia da Polícia Federal, endossada pelo Ministério Público Federal. Maluf, que estava em sua casa de campo em Campos do Jordão, se antecipou à prisão e entregou-se às 0h20m deste sábado à PF. Acompanhado de advogados e visivelmente abatido. Ele carregava apenas uma pequena sacola e entrou sem falar com os jornalistas.

Flávio Maluf chegou à sede da PF algemado no início da manhã. Segundo Batochio, foi combinado com a Polícia Federal que ele se apresentaria. Dois policiais federais teriam ido com até a fazenda dele na cidade de Dourado, região central de São Paulo, e seguido para São Paulo no helicóptero de Flávio Maluf. Na chegada à capital, num heliponto no Morumbi, zona oeste, ele recebeu voz de prisão da PF e foi algemado, causando protesto do advogado, que considerou desnecessária a medida e disse que seu cliente caiu numa 'armadilha' por ter sido surpreendido. Para a Polícia Federal, a medida é necessária e foi feito o que se faz com todos os detidos. Flávio Maluf chegou na sede da PF na zona oeste num carro da Polícia Federal, cercado por muitos policiais e visivelmente abatido.

Maluf e seu filho Flávio são acusados de coagir testemunhas e ocultar provas do processo no qual agora é réu e acusado de evasão de divisas, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Para o advogado José Roberto Batochio, a prisão preventiva deveria ser limitada a crimes como estupro, tráfico e homicídio. No caso de Maluf, assinalou, o crime é financeiro e não violento. Batochio pretende argumentar também que o doleiro Vivaldo Alves, conhecido como 'Birigui', é réu confesso no processo e não testemunha. Portanto, ao conversar com ele e sugerir que nada falasse durante os depoimentos Maluf não estaria 'coagindo testemunha'.

- O crime de corrupção de testemunha pressupõe dois fatos. Primeiro, a corrupção. Segundo, a condição de testemunha. O seu Vivaldo Alves é réu, e réu confesso. Então, se não há testemunha, o fato de outro acusado ter conversado com ele não caracteriza corrupção de testemunha, por favor. Vamos colocar as coisas no devido lugar. No direito brasileiro é prerrogativa e direito de um acusado reservar-se o direito de ficar em silêncio, só depor em juízo, conversar com seu defensor. Os advogados de vários acusados num mesmo processo tem direito de combinar uma estratégia de defesa comum, o que é próprio das democracias - afirmou o advogado.

Segundo Batochio, Vivaldo é réu confesso porque admitiu que é dele a conta na agência do Safra em Nova York onde foram movimentados US$ 160 milhões. O doleiro, porém, valeu-se da delação premiada e disse à PF que a conta foi aberta a pedido dos Maluf, que seriam os donos do dinheiro. Vivaldo Alves e Simeão Damasceno de Oliveira, ex-diretor da construtora Mendes Júnior, são réus no mesmo processo de Maluf. A pena mínima é de oito anos de prisão.

Numa entrevista à TV Globo neste sábado, o doleiro disse que vai até o fim 'com ou sem' delação premiada e que em todos os contatos a família Maluf procurou orientá-lo a 'entrar mudo e sair calado' dos depoimentos. Na noite de sexta-feira, Birigui já tinha falado ao 'Jornal Nacional':

- A preocupação deles, desde o início, era que eu não relatasse nada e que eu só falasse na Justiça. Eles insistiram porque não queriam que eu falasse sobre US$ 160 milhões - disse Birigüi, citando o valor, periciado pelo Ministério Público, que passou pela conta "Chanani, no Safra de Nova York, num período de um ano e meio.

De acordo com Vivaldo Alves, a conta "Chanani" foi aberta a pedido de Flávio Maluf. Ele a operava e ganhava uma comissão, por isso é considerado testemunha fundamental para provar a corrupção constada na Prefeitura de São Paulo e o envio de dinheiro público desviado para contas no exterior.

- Eu fui procurado por ele (Flávio) e ele me falou que no ano de 1998 ele precisava fazer uma movimentação muito grande e precisava ter uma conta de passagem nos Estados Unidos. Isso significa uma conta em que o dinheiro entra em grandes volumes e sai em pequenos volumes. Essa conta existe para não mostrar de onde veio o dinheiro, para deixar menos rastro - disse o doleiro ao "JN".

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