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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu hoje que o Brasil possui uma carga tributária elevada e ineficiente, mas disse que o governo preferiu não correr o risco de aprovar uma reforma devido à proximidade das eleições. "É sempre difícil aprovar reformas e nos deparamos com a proximidade das eleições", disse. "Poderíamos ter um monstrengo e seria pior a emenda que o soneto", avaliou o ministro, que participou da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), no Itamaraty.

O ministro afirmou que o governo tem feito desonerações recentemente. Em 2010, a projeção do governo é de que este alívio some R$ 53,59 bilhões. "Não foi tudo o que queríamos fazer, mas não foi mal", afirmou. Ele disse ainda que, apesar do aumento da arrecadação, a carga tributária tem diminuído não só para as pessoas como para as empresas. Mantega disse acreditar que o próximo governo terá uma proposta eficaz de desoneração que deverá ser acompanhada de uma reforma tributária.

O ministro falou ainda sobre o déficit em transações correntes do país e apresentou uma perspectiva positiva. De acordo com ele a partir de 2012, a economia mundial apresentará recomposição após os efeitos da crise financeira internacional e, com isso, o Brasil deve voltar a exportar mais. "Não vai para frente esse déficit em conta corrente", disse.

Investimento

O investimento brasileiro deve crescer 20% este ano na comparação com 2009, de acordo com o ministro da Fazenda. Em especial, ele citou os recursos direcionados à infraestrutura do país. "O investimento está crescendo em patamar elevado", enfatizou, ressaltando que a ação de estatais neste ponto tem sido fundamental quando combinada com ações do setor privado. De acordo com ele, o investimento proveniente da Petrobras será superior a R$ 80 bilhões em 2010, o maior do país, e que afeta também uma cadeia grande de produção. Fora isso, Mantega citou que o programa de investimentos para os próximos anos no País é ambicioso. Como exemplo, ele lembrou a previsão de aplicação de recursos por meio da segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) de R$ 955 bilhões, no período de 2011 a 2014.

Apesar desse cenário otimista para a evolução dos investimentos, o ministro comentou que, em relação ao PIB, o taxa de investimentos ainda está num patamar baixo. "Mas devemos chegar a indicadores satisfatórios", disse. Ele citou que os investimentos em habitação estavam estagnados e que dois eventos esportivos deverão receber recursos volumosos (Copa do Mundo de 2014 e Olimpíada em 2016). "Investimento é o que mais vai crescer no país", considerou.

Comércio exterior

Mantega rebateu ainda críticas de que o Brasil está dando mais ênfase ao comércio exterior de produtos primários do que manufaturados. "Hoje, o que está dando mais dinheiro para o Brasil é o minério de ferro e não o setor siderúrgico", afirmou. Segundo ele, este comportamento não foi gerado no curto prazo por conta da crise e deve ser um perfil resultante da economia do país. Mantega ressaltou, no entanto, que o País não deve deixar de lado atividades manufatureiras. "Devemos estar em todas as frentes pois esses produtos (matérias-primas) poderão trazer riquezas para o país", disse.

Ainda em relação às commodities, Mantega destacou que faltará alimento no mundo nos próximos anos em função da demanda elevada. "E qual será o país que atenderá a esse aumento da demanda? O Brasil", considerou. Ele disse que, no passado, havia o pensamento de que este tipo de produto possuía rendimento e valor agregado baixo. "Mas hoje o alimento se tornou um produto privilegiado".

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