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| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), está hesitante em relação a deixar o cargo. Em conversas com outros deputados, ele afirmou que não abriria mão da presidência, pediu mais tempo para refletir e também tentou apelar ao PMDB, pedindo por uma chance para acertar. Logo após assumir a cadeira, Maranhão acolheu um pedido de Advocacia-Geral da União e anulou a sessão em que os deputados aprovaram a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Pressionado, voltou atrás horas mais tarde.

O líder da bancada do PP na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PB), diz que Maranhão lhe pediu mais tempo para refletir sobre a possibilidade de renunciar à função. Ribeiro lembrou a Maranhão que o tempo dele se esgotará na quinta-feira (12), prazo dado pelos líderes partidários para ele tomar uma decisão, caso contrário, será mantida a representação por quebra de decoro parlamentar protocolada contra ele pelo DEM e PSD. “Queremos que ele resolva hoje. O fato é que o PP não o apoia e quer sua substituição”, disse o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS).

A pressa do PP se deve à possibilidade de o partido perder a indicação ao posto se Maranhão demorar para renunciar. Caso se encontre uma saída alternativa para a destituição de Maranhão, outros partidos do bloco podem se animar e emplacar um nome alternativo à indicação do PP. “Tem de ter renúncia para a vaga continuar com a gente”, explicou Goergen. Entre os cotados da bancada para substituir Maranhão estão Esperidião Amin (SC), Júlio Lopes (RJ) e Ricardo Izar (SP). “Esperidião seria um grande nome. Precisamos ter um nome de peso”, desconversou Izar.

Ribeiro demonstrou preocupação com a indefinição de Maranhão, já que caso o afastamento da presidente Dilma Rousseff seja confirmado pelo Senado, há expectativa de que o novo governo apresente imediatamente medidas para serem votadas na Casa. Ribeiro ponderou que a Câmara deve ter nas próximas semanas debates políticos “pesados” e que a situação do presidente interino precisa ser resolvida o mais rápido possível. “O governo não poderá avançar sem que a Câmara esteja funcionando bem. O governo precisará de apoio na Casa”, comentou.

O líder fez questão de contextualizar Maranhão sobre sua situação e da indisposição da maior parte da Casa em mantê-lo no cargo. O presidente interino disse que vai procurar os líderes partidários pedindo apoio, o que já tem feito ao longo da manhã. Desacostumado à interação com os líderes, Maranhão pediu que um funcionário do gabinete da presidência imprimisse um documento com as fotos dos líderes para se certificar com quem precisa falar.

Ribeiro insistiu que a Câmara precisa de condições mínimas para funcionar em um momento de mudança de governo. Ribeiro destacou que, se Maranhão não se decidir, sua posição será interpretada – principalmente pela oposição – como permanência, o que acarretará em consequências no Conselho de Ética. “Continuamos por enquanto no impasse. Esperamos que seja resolvido rápido”, declarou.

De jeito nenhum

Já em conversa com o primeiro-secretário da Mesa Diretora, Beto Mansur (PRB-SP), Maranhão (PP-MA), mostrou resistência em deixar o cargo. Segundo Mansur, o pepista avisou que não vai renunciar à função “de jeito nenhum”, voltou a pedir desculpas pelo erro que cometeu ao tentar anular a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Casa e pediu ajuda para “tocar” o País.

De acordo com relato de Mansur, o presidente interino disse estar disposto a dar encaminhamento às pautas do eventual governo Michel Temer. Para o primeiro-secretário, Maranhão pode até ser expulso do PP – como articulam alguns colegas de bancada –, mas poderia seguir no cargo, o que levaria eventualmente a uma judicialização do caso.

Nos bastidores, especula-se que ele poderia aceitar um cargo no governo maranhense de Flavio Dino (PCdoB) e assim teria uma “saída honrosa” para o impasse. A oposição faz questão de sua renúncia, pois entende que se houver uma licença para ocupar um cargo em seu Estado, ele poderia futuramente voltar à presidência da Casa.

Para forçar a saída de Maranhão, a oposição tem em mãos uma representação já protocolada na Mesa Diretora que pode ser encaminhada ao Conselho de Ética. Maranhão disse a Mansur que não está preocupado com um eventual processo por quebra de decoro parlamentar, que a representação “é uma besteira”. Membros da Mesa Diretora articulam uma reunião informal para discutir a situação de Maranhão nesta quarta.

Oportunidade para acertar

Ameaçado pelas mais variadas correntes partidárias, Maranhão se reuniu com o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), para pedir uma nova oportunidade para acertar no comando da Casa. De acordo com o líder peemedebista, Maranhão o chamou para reconhecer que errou ao assinar o pedido de nulidade, reafirmar que não pretende deixar o cargo e pedir uma nova oportunidade para acertar no comando da Câmara.

O apelo de Maranhão ocorre momento em que vários partidos exigem que ele renuncie ao posto. “A reunião foi um gesto. Ele pediu pediu desculpas e reiterou que quer ficar na presidência. Eu disse que ele cometeu um erro e, por isso, estava nessa situação. Foi uma conversa inconclusiva. Agora, os líderes partidários precisam decidir qual é o melhor caminho”, afirmou Picciani.

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