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Marcelo Odebrecht fecha acordo com a Lava Jato para contar o que sabe

Expectativa é que o executivo da maior empreiteira do país detalhe o envolvimento de políticos no esquema de desvio de dinheiro

Marcelo Odebrecht: primeira proposta de colaboração com a força-tarefa havia sido recusada. | Antônio More/Gazeta do Povo
Marcelo Odebrecht: primeira proposta de colaboração com a força-tarefa havia sido recusada. (Foto: Antônio More/Gazeta do Povo)

O empreiteiro Marcelo Odebrecht assinou na semana passada, com o Ministério Público Federal (MPF), um acordo de confidencialidade, primeiro passo para fechar uma delação premiada. Ele já começou a prestar depoimentos à força-tarefa da Operação Lava Jato. Caso os investigadores entendam que Odebrecht tem informações úteis para a Lava Jato, a delação é fechada.

A delação de Odebrecht é bastante aguardada pelos investigadores, mas a primeira proposta da defesa foi recusada no início de maio, já que os termos traziam poucos detalhes de envolvimento de políticos e do funcionamento do “Setor de Operações Estruturadas” da empresa – responsável pelo pagamento de propina.

No final de março, a Polícia Federal deflagrou a 26.ª fase da Lava Jato, batizada de Xepa. A operação foi um “rescaldo” da 23.ª fase, batizada de Acarajé, quando foram presos o marqueteiro João Santana e sua esposa Mônica Moura. Durante as investigações foi encontrado um setor estruturado dentro da Odebrecht responsável pelo caixa dois da empreiteira e pelo pagamento de propina por contratos públicos.

Uma planilha encontrada durante a deflagração da Operação Acarajé fundamentou o pedido de buscas e apreensões na empresa novamente na Operação Xepa. Na planilha, aparecem detalhadas doações eleitorais para mais de 200 políticos de 24 partidos. Na ocasião, o juiz Sergio Moro agiu com cautela e ponderou que não era possível ainda saber se as doações registradas na planilha seriam legais ou ilegais. Agora o presidente da empreiteira deve detalhar o funcionamento do setor e o conteúdo da planilha aos investigadores.

Novos focos de investigação

Outro motivo que faz com que delação de Odebrecht seja tão aguardada é a atuação da empreiteira no setor público do país. Apesar do foco da Lava Jato ser irregularidades na Petrobras, Marcelo Odebrecht pode contribuir para investigações em outros setores do governo, a exemplo do que correu na delação dos executivos da Camargo Correa. 

Na delação, o presidente da Camargo Correa, Dalton Avancini, e o vice-presidente, Eduardo Leite, além de detalharem irregularidades na Petrobras, trouxeram informações sobre corrupção na construção da usina hidrelétrica de Angra 3.

De acordo com o site da Odebrecht, a Construtora Norberto Odebrecht - apenas uma das empresas do conglomerado - atua em pelo menos 12 áreas: metrôs, portos, arenas esportivas, centros de exposições e convenções, rodovias, aeroportos, escolas, habitações populares, ferrovias, equipamentos marítimos, centros administrativos e projetos no setor de energia. A construtora foi responsável por quatro obras da Copa do Mundo 2014. Entre as obras estão a construção da Itaipava Arena Fonte Nova (BA), da Itaipava Arena Pernambuco (PE) e da Arena Corinthians (SP) e a reforma do estádio do Maracanã (RJ). Para as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, a Odebrecht atua na revitalização da zona portuária da cidade e na construção de uma linha do metrô. No setor de energia, que já foi alvo da Lava Jato, a empreiteira afirma ser responsável pela construção de 81 usinas hidrelétricas , 17 usinas térmicas e duas usinas nucleares.

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